Um esboço de “novo estatuto” do Taleban prevê que o Afeganistão volte a ser um emirado islâmico. Seria um retorno ao sistema que previa uma interpretação extrema do islã, adotado no país entre 1996 e 2001.
O texto foi vazado ao canal ToloNews por um funcionário do governo afegão em abril deste ano, segundo o jornal indiano “Hindustan Times“.
O estatuto apresenta 149 tópicos do que pode vir a ser a legislação do país. Nele, o emirado não seria obrigado a implementar políticas de direitos civis ou acordos da ONU (Organização das Nações Unidas) que contradigam a visão do Taleban sobre valores islâmicos.
As normas descritas apontam que todas as decisões finais serão tomadas pelo “emir” ou chefe do Taleban. Os líderes executivos seriam escolhidos pelo grupo “Ahl al-hall wal-aqd” e não por eleições, como está previsto na atual Constituição afegã.
O modelo é semelhante às normas estabelecidas quando o Taleban esteve no poder em parcela significativa do país. O domínio do grupo terminou após a invasão norte-americana, na esteira do 11 de Setembro.
Se for comprovado, o texto desobedece ao acordo de paz assinado com os Estados Unidos no final de fevereiro, após 20 anos de conflito.
A preocupação de que o Taleban esteja tirando vantagem da crise gerada pela Covid-19 para superar o acordo já circula na Índia e nos países vizinhos, diz a reportagem.
Os fortes vínculos do grupo extremista com o sistema militar do Paquistão acentuam a desconfiança.
Questionado, o porta-voz do Taleban, Zabihullah Mujahid, disse à ToloNews que o projeto de estatuto “não pertencia ao grupo”.
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