As recentes manifestações em massa na Belarus e a possível queda do atual presidente, Aleksander Lukashenko, podem comprometer a influência da China sobre o país, apontou o jornal de Hong Kong “South China Morning Post” na quarta (19).
O motivo seria a possível interrupção no plano de construção do Cinturão Econômico da Rota da Seda, proposto por Beijing. Lukashenko, reeleito pela sexta vez no último dia 9, tornou-se um aliado após defender as estratégias para a construção das estradas do projeto.
Considerada um componente importante na iniciativa, a China entende que o país do leste europeu é uma saída em potencial para os países bálticos – Estônia, Letônia e Lituânia – e para a Europa Oriental.
Uma mudança de governo em Minsk, no entanto, pode causar problemas ao andamento da obra, com conclusão prevista para 2049.
A situação se acentua ainda mais se o próximo líder for mais inclinado ao Ocidente, disse Marc Lanteigne, professor de Ciência Política da Universidade de Tromso, na Noruega, ao jornal chinês.
Temores do Ocidente
O receio de que um novo presidente bielorrusso mire o Ocidente é compartilhado também pelo Kremlin. E se Moscou decidir intervir, é possível que os laços entre Beijing e Minsk sejam prejudicados.
“Se a Rússia tiver sucesso de uma forma ou de outra na instalação de um regime aliado mais compatível, pode-se esperar que a cooperação com a China seja interrompida”, disse Keir Giles, analista da Chatham House.
Buscando alternativa à quase que exclusiva dependência da Rússia, o governo de Lukashenko buscou um manter o equilíbrio com os outros parceiros comerciais nos últimos anos.
Em 2019 a Rússia, principal parceiro comercial de Minsk, investiu US$ 4,5 bilhões no país. Três anos antes, a China emprestou US$ 7 bilhões a Belarus por meio de linhas de crédito.
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