Desde 2008, a China investiu em 200 programas de recrutamento de talentos, do qual participaram cerca de 60 mil cientistas. Os programas têm sido uma das estratégias para garantir profissionais de ponta em seus laboratório, universidades e indústrias de tecnologia.
O levantamento, do think tank australiano Strategic Policy Institute, aponta que o objetivo dos chineses de garantir transferência de tecnologia pode gerar falhas de segurança nacional nos países de origem desses cientistas.
O estudo lembrou o caso o especialista em nanotecnologia Charles Lieber, da Universidade de Harvard, nos EUA. O pesquisador foi preso em janeiro e escondia sua participação em um programa chinês, o Mil Talentos.
Para encontrar esses especialistas, Beijing investe em escritórios regionais de recrutamento. Nos EUA, há 146 deles. Austrália e Alemanha têm 57 cada. Já Reino Unido, França, Japão e Canadá hospedam 40 cada um.
O governo chinês, porém, dá preferência a negociações diretas com os pesquisadores, em vez dos tradicionais convênios acadêmicos com universidades do exterior.
Como a China não costuma exigir regime de dedicação exclusiva, muitos passam a equilibrar a nova função com as atribuições que já tinham em seus países.
O problema é que, em parte delas, pode haver conflito de interesses. Nos EUA, 54 cientistas foram demitidos por não informar a seus empregadores nos EUA de acordos com a China.
Na Universidade Texas A&M, uma investigação mostrou que 100 pesquisadores visitantes tinham vínculos com os chineses. Apenas cinco avisaram a instituição nos EUA desses compromissos.
A conclusão do relatório é a de que governos e instituições de pesquisa de ponta devem fortalecer mecanismos para encontrar transferências ilícitas de tecnologia. Para os autores, os programas chineses “incentivam e permitem espionagem econômica”.
Entre as medidas sugeridas estão investimentos em transparência, fiscalização e compliance, além da exigência de ampla divulgação do recebimento de recursos públicos para pesquisadores.
O centro também sugere a criação de “escritórios de integridade” em institutos de pesquisa, que conectem governo e setores terciários para evitar vazamentos de dados e tecnologias.
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