“Bom dia amor, você está muito ‘sex’ na foto. Me deixou doido. Vem me consolar. Um dia quero carinho seu. Seu corpo está lindo. Vou comprar para mim. R$1.000,00. Depois você ‘manda’ as fotos do corpo todo e caras. Doidão”. A mensagem, que teria sido trocada entre Dinamá Pereira Resende e uma criança de 12 anos, em 2016 no Facebook, foi ‘printada’ pela menina e encaminhada à nossa reportagem após matéria publicada pela aqui (14). Os prints também foram entregues ao delegado que preside o inquérito.
Nessa manhã, a Polícia Civil de Minas Gerais, concedeu a jornalistas de todo o país uma entrevista coletiva para esclarecer a investigação. Como apontado na matéria da Pública, o inquérito traz denúncias de mulheres de Várzea da Palma, que teriam sofrido abusos sexuais na infância. Os crimes, que teriam sido cometidos por Dinamá ao longo de 30 anos, atravessaram gerações e teriam sido possíveis graças à confiança que ele ganhou das famílias, por meio da promoção de atividades religiosas e culturais.
Somente durante esse fim de semana, oito denúncias surgiram via formulário disponibilizado pela Agência Pública ou diretamente buscando ajuda da advogada de defesa das mulheres, Ana Luiza França Santos. Segundo ela, novas vítimas relatam ter sofrido abusos de Dinamá na infância. “Elas contam violências diferentes. Algumas dizem que ele passava a mão pelo corpo delas. Outras se lembram de violências ainda maiores. Passei o fim de semana atendendo essas pessoas, muito abaladas emocionalmente.”
A menina que nos encaminhou as conversas nas redes sociais tem hoje 16 anos e conta que também sofreu assédio por parte de Dinamá. Ao publicar fotos em seu Facebook, ela diz ter sido procurada por ele por mensagem privada.
Ela conversou conosco por telefone e relatou que isso acontecia desde que tinha 9 anos de idade. A menina desejava ser integrante do grupo de dança ‘Dinamitas’, coordenado por Dinamá, e ele teria chantageado a criança, oferecendo a vaga em troca de favores sexuais.
“Ele não deixava eu entrar no grupo. Dizia que eu só ia entrar se ajudasse ele nos ensaios. Eu ajudava, mas ele não me deixava participar. Ele sempre me abraçava, me ‘encoxando’. E nas redes sociais me mandava mensagens. Na época, eu achava que era uma brincadeira. Quando vi a reportagem pensei que era importante mostrar o que ele fez”. Nesta manhã, ela também prestou depoimento à polícia e levou os prints das conversas.
Segundo o delegado, com o surgimento de novas vítimas, as investigações serão reabertas e será instaurado novo inquérito. “Estamos falando de um grande impacto, com o propósito de permitir que uma resposta seja dada pelo Estado. Vamos dar continuidade ao caso, e seguir o que vai ser proposto pelo Ministério Público em outras esferas”.
Ainda segundo o delegado, é importante que as mulheres que tenham sofrido violência façam a denúncia, prestem depoimento e contribuam para que isso não volte a acontecer.
Segundo uma das supostas vítimas, Daniele Cordeiro, Dinamá, que é servidor público, foi realocado da escola onde trabalhava para prestar serviços de pedreiro em um hospital da cidade. “Desde que a notícia estourou, Dinamá não foi ao trabalho e, segundo moradores da cidade, que entraram em contato com ele, o telefone só fica desligado”, disse Daniele. Procuramos o advogado de Dinamá, Santiago Átila Santiago para pedir um posicionamento sobre as novas denúncias, mas ele disse que só irá se pronunciar quando Dinamá for intimado a depor. O advogado confirma, ainda, a transferência do cliente para trabalhar na unidade de saúde. A medida cautelar que determina que Dinamá não deve se aproximar de crianças ou realizar atividades religiosas e culturais envolvendo o público infantil segue valendo.
source https://apublica.org/2020/08/compro-seu-corpo-por-mil-reais/
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