Para o presidente do Irã, Hassan Rohani, o acordo de paz aprovado na quinta (13) entre os Emirados Árabes Unidos e Israel, é um “ato traiçoeiro”. A avaliação vem da posição histórica dos países muçulmanos de não reconhecer o estado judeu por solidariedade aos palestinos.
No domingo (16), o Ministério das Relações Exteriores dos Emirados Árabes convocou o representante do Irã em Abu Dhabi. O objetivo era explicar o discurso de Rohani, que acusa o emirado de cometer um “grande erro”.
Para o governo dos Emirados, o discurso é “inaceitável”. Há temores de complicações para a relação dos países região do Golfo Pérsico com o Irã.
A indignação pela normalização das relações bilaterais dos Emirados com Israel revela um temor involuntário. O medo é a possível concessão de “ponto de ataque” para Israel voltar-se contra o Irã.
Inimigos à parte
Na terça (18), o major chefe de Estado das Forças Armadas iranianas, Mohammad Bagheri, afirmou que a abordagem de Teerã em relação ao emirado vai mudar.
“Se algo acontecer no Golfo Pérsico e a nossa segurança nacional for danificada, os Emirados Árabes serão responsabilizados”, disse.
Parceiros comerciais de longa data, Abu Dhabi foi aliado para o contorno das sanções econômicas aplicadas ao Irã.
No ano passado, a relação entre os dois países melhorou, disse Raz Zimmt, analista iraniano do Instituto de Pesquisa em Segurança Nacional de Tel Aviv, à estação americana Radio Free Europe.
Na pandemia da Covid-19, por exemplo, o país enviou vários aviões com suprimentos médicos para auxiliar Teerã no que foi o maior surto do Oriente Médio.
Israel quer distância
Teerã vê a presença expandida de Israel na região como uma ameaça aos seus interesses e ambições regionais. Mas Israel já manifestou não querer qualquer contato com os iranianos.
“O parâmetro mais importante para reduzir ou aumentar a segurança dos israelenses está relacionado à redução ou aumento da pressão sobre o Irã”, disse ex-diplomata Fereydoun Majlesi.
Entre as duas partes, reina a desconfiança. Relatos da mídia iraniana já sugeriram que as relações diplomáticas de Abu Dhabi podem “facilitar” a espionagem de Israel no país.
“A diplomacia de Teerã deve deixar claro para os EUA que não pode respeitar os Emirados Árabes, com laços com Israel, com os mesmos olhos de antes”, afirmou o analista Seyed Hadi Borhani à mídia iraniana.
Com a assinatura do acordo, os Emirados Árabes se tornarão a terceira nação árabe a estabelecer relações diplomáticas com Israel. O Egito reconheceu Tel Aviv em 1979, e a Jordânia, em 1994.
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