Cerca de 15 anos depois, o assassinato do ex-primeiro-ministro do Líbano, Rafik Hariri, será julgado nesta semana. O premiê morreu após explosão de um carro-bomba na capital, Beirute, em 2005.
O julgamento final dos quatro membros do grupo extremista Hezbollah envolvidos no caso começa nesta terça (18), em um Tribunal Especial da ONU (Organização das Nações Unidas), na Holanda.
De acordo com a Associated Press, os promotores se basearam nos dados encontrados nos telefones celulares que os suspeitos teriam utilizado para rastrear os movimentos de Hariri semanas antes do assassinato.
Desde 2014, foram ouvidas 297 testemunhas em 415 dias de audiências. Além do político, 21 pessoas morreram na explosão e outras 226 ficaram feridas.
Os réus, que não foram encontrados até hoje, são Salim Ayyash, Assad Sabra, Hassan Issa e Hassan Habib Merhi. Se condenados, a pena é de prisão perpétua.
Aprofundamento da crise
Dividida entre muçulmanos sunitas e xiitas, além de católicos, druzos, maronitas e diversas outras religiões, a opinião pública vê o tribunal como uma “forma imparcial” de dar um desfecho ao caso.
O Hezbollah, que detém grande influência sobre a política do país, nega o envolvimento e cusa um suposto “complô israelense” para manchar sua imagem.
“Para nós será como se nunca tivessem sido emitidos”, disse o líder do grupo, Sayyed Hassan Nasrallah, na semana passada, sobre os veredictos do julgamento.
Em 2005, Hariri era o político sunita mais proeminente do Líbano, enquanto o Hezbollah, apoiado pelo Irã, é um grupo muçulmano xiita.
Questionado sobre as possíveis repercussões, o ex-primeiro-ministro e filho do político falecido, Saad Hariri, afirmou que deve se pronunciar após a publicação da decisão final. “A justiça deve prevalecer independentemente do custo”, pontuou.
O filho de Hariri, Saad, deixou o poder em 2019, após manifestações que varreram o pequeno país do Oriente Médio.
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