Pela primeira vez, a China assumiu a liderança como parceira comercial da Argentina. Entre setembro e outubro de 2019, os platinos exportaram US$ 74 milhões (R$ 404 milhões) a mais para a China que para o Brasil, seu principal comprador.
Neste ano, em abril, o volume de exportação para a China chegou a US$ 509 milhões, sobretudo em soja e carne bovina – 50,6% a mais que o mesmo período do ano passado.
O principal motivo para a redução das exportações do Brasil à Argentina tem a ver com a pandemia, segundo a BBC. Na América Latina, o coronavírus desacelerou e, em alguns casos, até paralisou a indústria.
É o caso do segmento automotivo. Sem fabricação desde abril, o setor representa 40% do câmbio comercial entre Brasil e Argentina. A exportação de grãos, por outro lado, não sofreu o mesmo impacto e continua sendo o pilar das exportações argentinas à China.
Além do comércio
Além da pandemia, Argentina e China estreitam suas relações para além do comércio. Neste ano, o ex-embaixador da Argentina na China, Diego Guelar, afirmou que os países fizeram um acordo para a construção de uma central nuclear na província de Buenos Aires.
O investimento de Beijing deve ser de US$ 8 bilhões. Além disso, a Argentina se dedica à produção em grande escala de suínos para consumo dos chineses.
Analistas entendem que a China pode estar se aproveitando do esfriamento nas relações entre Brasil e Argentina.
Com o afastamento entre Brasília e Buenos Aires desde 2019, é possível que Beijing busque por outras opções em solo latino-americano. “Claramente, a China não quer ficar centralizada num só país”, disse o professor da Universidade Nacional de Tres de Febrero Raúl Ochoa à BBC.
“Em termos anuais, o Brasil continua sendo o principal parceiro comercial da Argentina, mas essa posição dependerá do que acontecerá com as duas economias neste ano”, completou o economista argentino Santiago Taboada.
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