Uma explosão ocorrida no sul da Somália matou dez soldados do exército nacional no sábado (30). Um comboio de veículos militares seguia por uma estrada da região quando atingiu um dispositivo explosivo improvisado (IED, na sigla em inglês), de acordo com o site indiano The Print.
O Al-Shabaab, grupo extremista local associado à Al-Qaeda, assumiu a autoria do ataque, que foi confirmado pelas forças armadas somalis. O comboio, que havia partido do distrito de Jouhar, se dirigia para o distrito de Balad quando ocorreu a explosão.
Processo eleitoral
A Somália vive um momento de forte turbulência que levou ao adiamento das eleições parlamentares agendadas originalmente para novembro de 2021. Nesse período, o grupo extremista tem intensificado as ações terroristas, parte de sua missão principal que é destituir o governo central e impor no país sua visão radical da lei Islâmica.
Em meio aos recentes confrontos entre as forças de segurança e os jihadistas, o governo da Somália anunciou em meados de março que cerca de 200 combatentes do Al-Shabaab morreram durante uma operação militar realizada na região central do país.
De acordo com os militares somalis, a operação contou com apoio aéreo das forças armadas dos EUA, que teriam usado um drone para bombardear um reduto de extremistas no vilarejo de Hareri Gubadle, região de Galgaduud, a cerca de 300 quilômetros da capital Mogadíscio.
Por que isso importa?
O Al-Shabbab chegou a controlar Mogadíscio até 2011, quando foi expulso de lá pelas forças da União Africana. Atualmente, controla territórios nas áreas rurais da Somália e luta para derrubar o governo nacional.
O grupo concentra seus ataques no sul e no centro do país. As atividades envolvem ataques a órgãos e oficiais do governo e a entidades de ajuda humanitária, além de extorsão contra a população local e proteção de terroristas internacionais que se escondem no país.
Dados apontam que os extremistas estiveram em mais de 400 episódios violentos no país entre julho e setembro do ano passado – o maior número desde 2018.
O confronto, porém, atualmente pende para o lado do exército. O objetivo dos militares é reconquistar territórios vitais para a economia do país, numa ofensiva comandada pelo general Odowaa Yusuf Rageh. Em determinadas missões, ele faz questão de liderar pessoalmente os militares.
No Brasil
Casos mostram que o Brasil é um porto seguro para extremistas. Em dezembro de 2013, levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.
Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.
Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram.
Mais recentemente, em dezembro de 2021, três cidadãos estrangeiros que vivem no Brasil foram adicionados à lista de sanções do Tesouro Norte-americano. Eles são acusados de contribuir para o financiamento da Al-Qaeda, tendo inclusive mantido contato com figuras importantes do grupo terrorista.
Para o tenente-coronel do Exército Brasileiro André Soares, ex-agente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), o anúncio do Tesouro causa “preocupação enorme”, vez que confirma a presença do país no mapa das organizações terroristas islâmicas.
“A possibilidade de atentados terroristas em solo brasileiro, perpetrados não apenas por grupos extremistas islâmicos, mas também pelo terrorismo internacional, é real”, diz Soares, mestre em operações militares e autor do livro “Ex-Agente Abre a Caixa-Preta da Abin” (editora Escrituras). “O Estado e a sociedade brasileira estão completamente vulneráveis a atentados terroristas internacionais e inclusive domésticos, exatamente em razão da total disfuncionalidade e do colapso da atual estrutura de Inteligência de Estado vigente no país”. Saiba mais.
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