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segunda-feira, 23 de maio de 2022

OpenRAN será uma das pautas do encontro do Quad nesta terça no Japão

Durante reunião do chamado grupo Quad – Quadrilateral Security Dialogue (Diálogo de Segurança Quadrilateral, em tradução literal) – nesta terça-feira (24), que reúne Estados Unidos, Austrália, Japão e Índia, as lideranças devem anunciar uma soma de esforços para o desenvolvimento de redes seguras de 5G. Segundo autoridades, o acordo de cooperação é uma resposta à China, suspeita de trabalhar para assumir o controle da infraestrutura crítica com objetivo de espionagem. As informações são da agência Kyodo News.

Os Estados-membros da cúpula estão apreensivos com a forte presença chinesa no mercado de telecomunicações, particularmente por conta da desconfiança com o governo chinês em relação ao roubo de informações, o que causaria impactos negativos na economia e na vida da população da região do Indo-Pacífico. A gigante Huawei, pioneira na tecnologia 5G, acusada de servir a Beijing, inclusive já foi proibida de marcar presença nas redes de quinta geração de países como EUA, Reino Unido, Austrália, Canadá, Nova Zelândia e Portugal.

Para ampliar a cibersegurança, o Quad está promovendo o sistema OpenRAN, que incorpora padrões de toda a indústria e permite a interoperabilidade entre equipamentos de vários fornecedores para redes celulares sem fio. Com ele, os países esperam reduzir o risco de interrupções na cadeia de suprimentos de componentes vitais.

Conexão 5G está no centro do debate do sistema OpenRAN (Foto: Unsplash/Divulgação)

O grupo acenou que pretende apostar na qualificação de recursos humanos no Sudeste Asiático, buscando preparar talentos locais que irão trabalhar no desenvolvimento e implantação de equipamentos da rede aberta, movimento que busca democratizar o acesso à internet na telefonia móvel. O objetivo é formar profissionais locais engajados com a nova tecnologia e, futuramente, ter uma menor dependência das empresas chinesas.

Nesta segunda-feira (23), o primeiro-ministro japonês Fumio Kishida, esteve em reunião com o presidente dos EUA, Joe Biden, onde conversaram sobre medidas para um “Indo-Pacífico livre e aberto”. Ele adiantou que outros tópicos importantes a serem discutidos na reunião de terça são segurança, assuntos regionais, incluindo a guerra na Ucrânia, economia, mudança climática e desarmamento nuclear.

Por que isso importa?

Imagine uma internet que utilize tecnologias abertas capazes de se conectar e interagir entre si, independentemente do provedor de acesso. Esse é o princípio do OpenRAN, um movimento que busca democratizar o acesso ao mundo digital e representaria, por meio de um intercâmbio operacional de equipamentos – como torres e antenas de transmissão compartilhadas – uma libertação em relação aos gigantes estrangeiros do setor.

Uma das vantagens dos sistema aberto é financeira. À medida que o leque de alternativas cresce e a competição da corrida tecnológica fica mais acirrada, menos as empresas tendem a gastar com o serviço

Embora ainda engatinhe no Brasil, o OpenRAN é um mercado novo e em plena ascensão no mundo. “A arquitetura OpenRan ainda não está madura para utilização em larga escala”, diz a Anatel  (Agência Nacional de Telecomunicações). Os players estimam períodos diferentes para a maturação, em geral de dois a cinco anos”, acrescenta a agência.

A Anatel também prevê vantagens financeiras. Em relatório inicial sobre os estudos, a entidade projeta que as operadoras podem economizar até 30% em cinco anos, prazo máximo para que a tecnologia aberta esteja em pleno funcionamento, conforme previsão da agência.

Segundo Ericson M. Scorsim, advogado doutor em Direito pela USP (Universidade de São Paulo), consultor em Direito Regulatório das Comunicações e autor do livro ‘Jogo geopolítico das comunicações 5G: Estados Unidos e China: impacto no Brasil’, o movimento ajudaria a descentralizar a internet.

“O modelo depende da autorregulação do mercado, não propriamente da posição de uma única empresa”, explica. E acrescenta que intervenções normativas por parte de governos e agências regulatórias podem impulsionar o movimento, surgido em 2017 justamente para democratizar partes das redes de telecomunicações, de modo que elas não operem somente através de gigantes da indústria.

É nos Estados Unidos que o movimento mais cresce, com incentivos regulatórios para a adesão à arquitetura das redes de acesso via rádio. Esse tipo de fomento pode ser o caminho para o surgimento de novas concorrências e consequente redução da influência dos gigantes no setor.

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