A Rússia desmentiu na quarta-feira (4) a informação de que o presidente Vladimir Putin planeje declarar oficialmente guerra à Ucrânia no dia 9 de maio, data em que os russos celebram o Dia da Vitória, em homenagem ao triunfo sobre os nazistas na Segunda Guerra Mundial. As informações são do site Al Arabiya News.
Por enquanto, o Kremlin usa o eufemismo “operação militar especial” para se referir à invasão da Ucrânia, inclusive censurando e punindo quem use no país expressões como “guerra”, “conflito” ou qualquer termo semelhante que sugira a injusta agressão russa ao país vizinho.
Por ora, entretanto, o governo refuta a possibilidade de uma declaração de guerra, algo que levaria a uma mobilização nacional dos russos se ocorresse. “Não há chance disso. É um absurdo”, disse o porta-voz do Kremlin Dmitry Peskov.
Devido à importância da data de 9 de maio, que historicamente registra anúncios marcantes feitos por Putin, a expectativa é grande entre as nações ocidentais. Se não a declaração de guerra, cogita-se a possibilidade de ele declarar vitória sobre a Ucrânia, com base nas regiões já controladas por suas tropas.
Enquanto Moscou nega a intenção de declarar guerra, Kiev alega que vem sendo preparado para 9 de maio um grande desfile militar na cidade ucraniana de Mariupol, atualmente controlada por tropas russas.
Há informações da inteligência ucraniana de que um representante do presidente Putin tenha inclusive viajado à cidade portuária para cuidar dos detalhes do evento. “Mariupol se tornará um centro de celebração”, disse Kiev em comunicado oficial. “As ruas centrais da cidade estão sendo urgentemente limpas de detritos, corpos e artefatos não detonados”.
Além de colocar os militares na rua para o desfile, a inteligência ucraniana diz que o evento será usado para melhorar a imagem da Rússia e convencer seus cidadãos do sucesso da invasão. “Uma campanha de propaganda em larga escala está em andamento. Aos russos serão mostradas histórias sobre a ‘alegria’ dos habitantes locais ao conhecer os ocupantes”, diz o comunicado.
Por que isso importa?
A escalada de tensão entre Rússia e Ucrânia, que culminou com a efetiva invasão russa ao país vizinho, no dia 24 de fevereiro, remete à anexação da Crimeia pelos russos, em 2014, e à guerra em Donbass, que começou naquele mesmo an. Aquele conflito foi usado por Vladimir Putin como argumento para justificar a invasão integral, classificada por ele como uma “operação militar especial”.
“Tomei a decisão de uma operação militar especial”, disse Putin pouco depois das 6h de Moscou (0h de Brasília) de 24 de fevereiro. Cerca de 30 minutos depois, as primeira explosões foram ouvidas em Kiev, capital ucraniana, e logo em seguida em Mariupol, no leste do país.
No início da ofensiva, o objetivo das forças russas era dominar Kiev, alvo de constantes bombardeios. Entretanto, diante da inesperada resistência ucraniana, a Rússia foi forçada a mudar sua estratégia. As tropas, então, começaram a se afastar de Kiev e a se concentrar mais no leste ucraniano, a fim de tentar assumir definitivamente o controle de Donbass e de outros locais estratégicos naquela região.
Em meio ao conflito, o governo da Ucrânia e as nações ocidentais passaram a acusar Moscou de atacar inclusive alvos civis, como hospitais e escolas, dando início a investigações de crimes de guerra ou contra a humanidade cometidos pelos soldados do Kremlin.
O episódio que mais pesou para as acusações foi o massacre de Bucha, cidade ucraniana em cujas ruas foram encontrados dezenas de corpos após a retirada do exército russo. As imagens dos mortos foram divulgadas pela primeira vez no dia 2 de abril, por agências de notícias, e chocaram o mundo.
O jornal The New York Times realizou uma investigação com base em imagens de satélite e associou as mortes em Bucha a tropas russas. As fotos mostram objetos de tamanho compatível com um corpo humano na rua Yablonska, entre 9 e 11 de março. Eles estão exatamente nas mesmas posições em que foram descobertos os corpos quando da chegada das tropas ucranianas, conforme vídeo feito por um residente da cidade em 1º de abril.
Fora do campo de batalha, a Rússia tem sido alvo de todo tipo de sanções. As esperadas punições financeiras impostas pelas principais potencias globais já começaram a sufocar a economia russa, e o país tem se tornado um pária global. Desde a invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro, mais de 600 empresas ocidentais deixaram de operar na Rússia, seja de maneira temporária ou definitiva, parcial ou integral.
Os mortos de Putin
Desde que assumiu o poder na Rússia, em 1999, o presidente Vladimir Putin esteve envolvido, direta ou indiretamente, ou é forte suspeito de ter relação com inúmeros eventos, que levaram a dezenas de milhares de mortes. A lista de vítimas do líder russo tem soldados, civis, dissidentes e até crianças. E vai aumentar bastante com a guerra que ele provocou na Ucrânia.
Na conta dos mortos de Putin entram a guerra devastadora na região do Cáucaso, ações fatais de suas forças especiais que resultaram em baixas civis até dentro do território russo, a queda suspeita de um avião comercial e, em 2022, a invasão à Ucrânia que colocou o mundo em alerta.
A Referência organizou alguns dos principais incidentes associados ao líder russo. Relembre os casos.
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