Falando ao Comitê de Serviços Armados do Senado norte-americano, nesta quinta-feira (26), Christopher G. Cavoli, comandante-geral do Exército dos Estados Unidos para Europa e África, disse que a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) deve dissuadir potenciais ameaças da Rússia e da China ao continente europeu. Manifestação semelhante fez o secretário de Estado Antony Blinken, que citou Beijing como uma ameaça à “ordem internacional”.
Segundo o general, como resposta à invasão russa à Ucrânia, Washington mandou poder de combate significativo para o Eucom (Comando Europeu dos Estados Unidos). Entre os reforços, ele destacou o envio ao Leste Europeu de equipes de combate de brigada blindada, um grupo de ataque de porta-aviões, caças de quinta geração e destroieres adicionais.
“Ao longo dos anos, a Iniciativa Europeia de Dissuasão tem sido vital para construir a prontidão militar necessária para deter a Rússia e responder em tempos de crise”, disse Cavoli.
A autoridade militar definiu como “vital” o trabalho de garantir que o Eucom esteja permanentemente pronto responder a qualquer tipo de “ameaça à nossa segurança nacional”, juntamente com aliados e parceiros. Segundo ele, a incursão das tropas russas à Ucrânia marca o início de uma nova era na segurança europeia.
“A Otan está mais energizada e unificada do que eu já vi em anos”, disse ele. “Aliados e parceiros apressaram a assistência de segurança à Ucrânia em um esforço para mantê-la livre e independente”.
Mas nem tudo é sobre Moscou e os impactos da beligerância do presidente Vladimir Putin. A Europa também tem a influência chinesa como desafio, bem como o terrorismo, questões de migração, cibersegurança e mudanças climáticas, observou Cavoli.
“Não podemos ser uma aliança de um único problema. Devemos manter a vigilância em 360 graus, prontos para responder a toda e qualquer ameaça. Estamos em um momento em que a unidade na aliança é da maior importância”, disse ele.
Nova ordem internacional
Em discurso também nesta quinta (26), na Universidade George Washington, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, afirmou que Beijing quer “reformular a ordem internacional”. Para ele, que mostrou-se preocupado com a influência da nação asiática, é necessário defender a atual ordem global.
“Mesmo que a guerra do presidente Putin continue, continuaremos focados no mais sério desafio de longo prazo à ordem internacional. E isso é colocado pela República Popular da China”, disse Blinken.
Na visão da autoridade, a China é o único país com a intenção de reformular a ordem internacional, e possui, cada vez mais, poder econômico, diplomático, militar e tecnológico para concretizar suas ambições.
“A visão de Beijing nos afasta dos valores universais que sustentaram grande parte do progresso do mundo nos últimos 75 anos”, afirmou.
A fala do secretário coloca mais combustível nas crescentes tensões entre os países, principalmente após a declaração feita por Joe Biden no Japão nesta segunda-feira (23) de que seria um aliado de Taiwan na hipótese de a China tentar assumir o controle da ilha semiautônoma. A afirmação é tida como uma das mais fortes de um mandatário norte-americano em relação à espinhosa questão em décadas.
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