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terça-feira, 17 de maio de 2022

Suécia formaliza intenção de entrar na Otan, que se diz otimista para receber os novos membros

A Suécia declarou formalmente que pretende ingressar na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). A primeira-ministra Magdalena Andersson confirmou a intenção na segunda-feira (16), quatro dias após a vizinha Finlândia, que fez o anúncio na última quinta (12). Agora, a aliança dará início ao processo burocrático de admissão, que tem como maior obstáculo a possível rejeição da Turquia.

Assim que Helsinque anunciou a intenção de aderir à Otan, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan deu a entender que poderia impedir a admissão, vez que seu país é membro e a aliança só aceita novas nações em caso de aprovação unânime. “Não temos uma visão positiva”, disse ele na quinta (12), alegando que “os países escandinavos são hóspedes para organizações terroristas”.

As palavras de Erdogan remetem a denúncias antigas que ele faz contra as nações escandinavas e outros países ocidentais pelo tratamento dispensado a organizações que a Turquia classifica como terroristas. Sobretudo as milícias curdas PKK (Partido dos Trabalhadores Curdos) e YPG (Unidade de Proteção do Povo) e os seguidores do clérigo islâmico Fethullah Gulen, que vive nos EUA.

Suécia oficializa pedido para entrar na Otan, que se diz otimista para receber seus novos membros
Jens Stoltenberg, secretário-geral da Otan (Foto: Otan/Flickr)

Entretanto, dentro do bloco há otimismo quanto ao processo de admissão. De acordo com o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, a Turquia “deixou claro que sua intenção não é bloquear a adesão”. O secretário de Estado norte-americano Antony Blinken seguiu o mesmo caminho e disse estar “muito confiante de que chegaremos a um consenso”, segundo a rede CNN.

Blinken deixou clara a posição de Washington: “Os Estados Unidos apoiariam fortemente a candidatura à Otan da Suécia ou da Finlândia, caso optassem por se candidatar formalmente à aliança. Respeitaremos qualquer decisão que eles tomarem”.

Mesmo o presidente da Finlândia, Sauli Niinistö, manifestou surpresa e disse ter ficado “confuso” com o posicionamento de Erdogan. Segundo ele, os dois líderes conversaram por telefone em abril, e na ocasião o presidente turco pareceu receptivo à ideia.

“Acho que precisamos agora de uma resposta muito clara. Estou preparado para ter uma nova discussão com o presidente Erdogan sobre os problemas que ele levantou”, disse Niinistö.

No âmbito doméstico, a Finlândia também precisa superar algumas barreiras, embora essas sejam muito mais simples. Legalmente, é necessária a aprovação parlamentar para o país ingressar no bloco, e o processo está bem encaminhado.

O governo de Niinistö tem apoio parlamentar majoritário, o que não deve gerar maior dificuldade para obter o consenso dos legisladores. Já a Suécia realizou um debate no Parlamento na segunda (16) e conta com forte apoio dos políticos locais, embora a aprovação parlamentar não seja legalmente necessária.

A reação de Moscou

Criada em 1949 como uma resposta à União Soviética, a Otan tem como finalidade essencial proteger de eventuais agressões externas os Estados-Membros com poder militar reduzido. Atualmente, 30 países fazem parte da aliança, cuja convenção prevê em seu artigo 5º que um ataque contra qualquer um deles é um ataque contra todos eles.

Foi justamente essa cláusula que levou Finlândia e Suécia a abandonarem décadas de neutralidade para ingressar na aliança, em meio à ameaça crescente que enxergam na Rússia após a invasão da Ucrânia. Sobretudo Helsinque, cujo território compartilha com Moscou uma fronteira de 1,3 mil quilômetros.

“Tudo mudou quando a Rússia atacou a Ucrânia. E eu, pessoalmente, acho que não podemos mais confiar que haverá um futuro pacífico ao lado da Rússia”, disse o primeiro-ministro finlandês Sanna Marin em abril, classificando a adesão como “um ato de paz, [para] que nunca mais haja guerra na Finlândia no futuro”.

A premiê sueca Magdalena Andersson também manifestou preocupação com a Rússia ao justificar a decisão. “Para garantir a segurança do povo sueco, o melhor caminho a seguir é se juntar à Otan, assim como a Finlândia”.

Moscou, que já vinha deixando clara sua insatisfação em meio às especulações de que os dois países se juntariam à Otan, reforçou sua oposição após os anúncios. “Será outro erro grosseiro com consequências de longo alcance. Mas, infelizmente, esse é o nível de sanidade daqueles que estão tomando decisões políticas nos países correspondentes”, disse o vice-ministro das Relações Exteriores Sergei Ryabkov, na segunda (16), segundo a agência de notícias estatal Tass.

Já o porta-voz do Kremlin Dmitry Peskov disse que a adesão é uma manobra da aliança para cercar a Rússia, também de acordo com a Tass. “Finlândia, Suécia e outros países neutros participam há anos dos exercícios militares da Otan. A Otan levou em consideração seus territórios ao planejar seu movimento para o leste”, disse ele, segundo quem a notícia apenas formaliza uma aliança que já existia de fato. “Neste contexto, aparentemente, não faz mais diferença”.

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