Na quarta-feira (11), a União Europeia (UE) publicou um relatório que detalha a cibersegurança do OpenRAN, tida como a maior preocupação envolvendo a nova tecnologia. O documento é fruto de um trabalho conjunto entre os Estados-membros, Comissão Europeia e Enisa (Agência Europeia para a Segurança das Redes e da Informação). As informações são do site oficial da UE.
O movimento de rede aberta busca democratizar o acesso à internet na telefonia móvel e está em pleno desenvolvimento tecnológico na Europa, especialmente no Reino Unido. Entre os objetivos, o OpenRAN busca criar cadeias de telecomunicações seguras e resilientes, além de reduzir custos para o usuário.
Margrethe Vestager, vice-presidente da agenda digital da UE, detalhou que o principal compromisso é viabilizar a implantação de redes 5G na Europa com garantia de que sejam seguras.
“As arquiteturas de OpenRAN criam novas oportunidades no mercado, mas o relatório mostra que elas também levantam importantes desafios de segurança, especialmente no curto prazo”, disse ela. “Será importante que todos os participantes dediquem tempo e atenção suficientes para mitigar esses desafios, para que as promessas da rede aberta possam ser cumpridas”.
Já o comissário europeu para o Mercado Interno, Thierry Breton, observou que o relatório descortina o potencial de novas oportunidades geradas pelo OpenRAN, mas também evidencia desafios de segurança significativos que permanecem sem solução e não podem ser subestimados. “Sob nenhuma circunstância a potencial implantação nas redes 5G abertas na Euiropa deve levar a novas vulnerabilidades”, disse.
De acordo com a nota divulgada pela UE, o novo modelo de arquitetura de rede de quinta geração fornecerá nos próximos anos uma maneira alternativa de “implantar a parte de acesso por rádio das redes 5G com base em interfaces abertas”. Segundo o bloco europeu, isso representa um passo importante no quesito cibersegurança, que deve entregar a cidadãos e empresas o “mais elevado padrão de segurança”.
Em busca de maturidade
O relatório garante que o OpenRAN pode ajudar a reduzir erros humanos por meio de maior automação e favorecer a virtualização com soluções baseadas em nuvem.
No entanto, o sistema aberto ainda precisa ganhar maturidade, sendo a segurança cibernética o maior desafio antes de ele alcançar a almejada “maioridade”. Os riscos, principalmente em curto prazo, incluem uma área maior para ciberataques e mais pontos de entrada para agentes maliciosos.
O relatório também observa que as especificações técnicas, como as desenvolvidas pela O-RAN Alliance (aliança que reúne diversas operadoras e fornecedores), não são suficientemente maduras e seguras. O OpenRAN pode levar a dependências críticas novas ou aumentadas, por exemplo, na área de componentes e nuvem.
Para reduzir riscos e alavancar potenciais oportunidades de uso, o relatório recomenda uma série de ações. Entre elas, “o uso de poderes regulatórios para poder examinar planos de implantação em larga escala de operadoras móveis e, se necessário, restringir, proibir ou impor requisitos ou condições específicas para o fornecimento, implantação e operação em larga escala do equipamento de rede de OpenRAN”, diz o documento
Por que isso importa?
Imagine uma internet que utilize tecnologias abertas capazes de se conectar e interagir entre si, independentemente do provedor de acesso. Esse é o princípio do OpenRAN, um movimento que busca democratizar o acesso ao mundo digital e representaria, por meio de um intercâmbio operacional de equipamentos – como torres e antenas de transmissão compartilhadas – uma libertação em relação aos gigantes estrangeiros do setor.
Uma das vantagens dos sistema aberto é financeira. À medida que o leque de alternativas cresce e a competição da corrida tecnológica fica mais acirrada, menos as empresas tendem a gastar com o serviço
Embora ainda engatinhe no Brasil, o OpenRAN é um mercado novo e em plena ascensão no mundo. “A arquitetura OpenRan ainda não está madura para utilização em larga escala”, diz a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). Os players estimam períodos diferentes para a maturação, em geral de dois a cinco anos”, acrescenta a agência.
A Anatel também prevê vantagens financeiras. Em relatório inicial sobre os estudos, a entidade projeta que as operadoras podem economizar até 30% em cinco anos, prazo máximo para que a tecnologia aberta esteja em pleno funcionamento, conforme previsão da agência.
Segundo Ericson M. Scorsim, advogado doutor em Direito pela USP (Universidade de São Paulo), consultor em Direito Regulatório das Comunicações e autor do livro ‘Jogo geopolítico das comunicações 5G: Estados Unidos e China: impacto no Brasil’, o movimento ajudaria a descentralizar a internet.
“O modelo depende da autorregulação do mercado, não propriamente da posição de uma única empresa”, explica. E acrescenta que intervenções normativas por parte de governos e agências regulatórias podem impulsionar o movimento, surgido em 2017 justamente para democratizar partes das redes de telecomunicações, de modo que elas não operem somente através de gigantes da indústria.
É nos Estados Unidos que o movimento mais cresce, com incentivos regulatórios para a adesão à arquitetura das redes de acesso via rádio. Esse tipo de fomento pode ser o caminho para o surgimento de novas concorrências e consequente redução da influência dos gigantes no setor.
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