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quinta-feira, 26 de maio de 2022

Rússia acelera processo de cidadania para residentes em áreas ucranianas ocupadas

Um decreto assinado pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, na quarta-feira (25), acelera o processo para que os cidadãos das regiões ucranianas ocupadas de Kherson e Zaporizhzhia adquiram cidadania e passaporte russos. As informações são da agência Al Jazeera.

Conforme o decreto, aqueles que solicitarem a cidadania e o passaporte russos não precisam ter vivido na Rússia previamente, não devem comprovar que têm dinheiro o bastante para se sustentar no país nem serão submetidos a provas para avaliar o conhecimento do idioma russo.

Kiev reagiu ao anúncio, que classificou como comportamento “criminoso” de Moscou. “A emissão ilegal de passaportes é uma violação flagrante da soberania e da integridade territorial da Ucrânia, bem como das normas e princípios do direito internacional humanitário”, disse o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia em comunicado.

A iniciativa não é nova. Processo idêntico foi adotado pela Rússia nas autoproclamadas “repúblicas populares” de Donetsk e Luhansk, onde Moscou emitiu cerca de 800 mil passaportes desde 2019. Ambas se declararam independentes da Ucrânia em 2014,após conflitos entre separatistas e as forças de Kiev. Moscou sempre negou o envolvimento de suas tropas nos combates.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, em outubro de 2020 (Foto: Wikimedia Commons)
Russificação

Kherson foi tomada pelo exército russo em março, enquanto Zaporizhzhia está parcialmente sob controle de Moscou. Na primeira região, o governador foi destituído e substituído por uma administração civil-militar, que solicitou a Putin a anexação do território pela Rússia. Desde então, o rublo russo passou a ser aceito como moeda oficial, assim como a grívnia ucraniana.

As áreas abrangidas pelo decreto oferecem a Moscou uma ligação direta com a Crimeia, região ocupada pelos russos em 2014. Assim, facilitar o processo de obtenção de cidadania é uma etapa importante do processo de “russificação” dos territórios ocupadas antes e durante a guerra.

Para o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, a iniciativa evidencia os objetivos “criminosos” de Moscou, que Kiev acusa de inserir as regiões “no campo jurídico, político e econômico da Rússia”.

Por que isso importa?

A escalada de tensão entre Rússia e Ucrânia, que culminou com a efetiva invasão russa ao país vizinho, no dia 24 de fevereiro, remete à anexação da Crimeia pelos russos, em 2014, e à guerra em Donbass, que começou naquele mesmo ano. Aquele conflito foi usado por Vladimir Putin como argumento para justificar a invasão integral, classificada por ele como uma “operação militar especial”.

“Tomei a decisão de uma operação militar especial”, disse Putin pouco depois das 6h de Moscou (0h de Brasília) de 24 de fevereiro. Cerca de 30 minutos depois, as primeira explosões foram ouvidas em Kiev, capital ucraniana, e logo em seguida em Mariupol, no leste do país.

No início da ofensiva, o objetivo das forças russas era dominar Kiev, alvo de constantes bombardeios. Entretanto, diante da inesperada resistência ucraniana, a Rússia foi forçada a mudar sua estratégia. As tropas, então, começaram a se afastar de Kiev e a se concentrar mais no leste ucraniano, a fim de tentar assumir definitivamente o controle de Donbass e de outros locais estratégicos naquela região.

Em meio ao conflito, o governo da Ucrânia e as nações ocidentais passaram a acusar Moscou de atacar inclusive alvos civis, como hospitais e escolas, dando início a investigações de crimes de guerra ou contra a humanidade cometidos pelos soldados do Kremlin.

O episódio que mais pesou para as acusações foi o massacre de Bucha, cidade ucraniana em cujas ruas foram encontrados dezenas de corpos após a retirada do exército russo. As imagens dos mortos foram divulgadas pela primeira vez no dia 2 de abril, por agências de notícias, e chocaram o mundo.

O jornal The New York Times realizou uma investigação com base em imagens de satélite e associou as mortes em Bucha a tropas russas. As fotos mostram objetos de tamanho compatível com um corpo humano na rua Yablonska, entre 9 e 11 de março. Eles estão exatamente nas mesmas posições em que foram descobertos os corpos quando da chegada das tropas ucranianas, conforme vídeo feito por um residente da cidade em 1º de abril.

Fora do campo de batalha, a Rússia tem sido alvo de todo tipo de sanções. As esperadas punições financeiras impostas pelas principais potencias globais já começaram a sufocar a economia russa, e o país tem se tornado um pária global. Desde a invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro, mais de 600 empresas ocidentais deixaram de operar na Rússia, seja de maneira temporária ou definitiva, parcial ou integral.

Os mortos de Putin

Desde que assumiu o poder na Rússia, em 1999, o presidente Vladimir Putin esteve envolvido, direta ou indiretamente, ou é forte suspeito de ter relação com inúmeros eventos, que levaram a dezenas de milhares de mortes. A lista de vítimas do líder russo tem soldados, civis, dissidentes e até crianças. E vai aumentar bastante com a guerra que ele provocou na Ucrânia.

Na conta dos mortos de Putin entram a guerra devastadora na região do Cáucaso, ações fatais de suas forças especiais que resultaram em baixas civis até dentro do território russo, a queda suspeita de um avião comercial e, em 2022, a invasão à Ucrânia que colocou o mundo em alerta.

A Referência organizou alguns dos principais incidentes associados ao líder russo. Relembre os casos.

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