A Rússia tem sofrido perdas devastadoras entre os seus oficiais de média e baixa patentes na guerra na Ucrânia. É o que aponta relatório dos serviços de informação britânicos divulgado nesta segunda-feira (30) pelo Ministério da Defesa do Reino Unido. As expressivas baixas colocam um ponto de interrogação na eficácia militar russa em meio à invasão ao país vizinho, segundo a agência Reuters.
Em atualização da inteligência publicada no Twitter, o órgão governamental descreveu que comandantes de brigadas e batalhões russos provavelmente estariam se mobilizando para as posições mais perigosas, enquanto oficiais subalternos são destacados para liderar ações táticas de baixo nível.
Diante desse cenário, o relatório referiu que, provavelmente, a perda de um grande número de jovens oficiais profissionais irá exacerbar os problemas na modernização do comando militar russo.
(1/5) Russia has likely suffered devastating losses amongst its mid and junior ranking officers in the conflict. Brigade and battalion commanders likely deploy forwards into harm’s way because they are held to an uncompromising level of responsibility for their units’ performance
— Ministry of Defence (@DefenceHQ) May 30, 2022
Os Grupos Táticos de Batalhão (BTGs, na sigla em inglês) que estão a ser reconstituídos em território ucraniano a partir dos sobreviventes de várias unidades provavelmente serão menos eficazes devido às baixas, sublinhou o documento.
“Com vários relatos confiáveis de motins localizados entre as forças russas na Ucrânia, a falta de comandantes de pelotão e companhia experientes e confiáveis provavelmente resultará em uma queda ainda maior no moral e na contínua falta de disciplina”, relata o ministério.
O exército russo intensificou nesta segunda as ofensivas visando à tomada de Sievierodonetsk, uma importante cidade na região de Donbass, no sudeste da Ucrânia, que Moscou está atacando por não ter conseguido tomar a capital Kiev no início do conflito, que se estende desde o dia 24 de fevereiro.
Problemas de contingente
O Kremlin também encontra dificuldades em engrossar suas fileiras no front. Conforme a guerra avança, sem a perspectiva próxima de se encerrar, tem aumentado o número de soldados profissionais da Rússia que se recusam a lutar.
As recusas estariam prejudicando os esforços para reagrupar as tropas e renovar as operações militares russas no leste ucraniano, segundo a ONG Conflict Intelligence Team (Conflict Intelligence Team, em tradução literal), que monitora informações de código aberto sobre militares russos.
Além disso, o parlamento russo disse no dia 20 de maio que irá considerar uma emenda que elimina o limite de idade para o alistamento nas Forças Armadas, permitindo o ingresso de cidadãos acima de 40 anos e estrangeiros com mais de 30. A medida permitirá que os militares utilizem as habilidades de potenciais recrutas mais velhos.
O massacre de Bucha
A pressão global por punições à Rússia, às suas tropas e ao presidente Putin aumentou bastante depois que os corpos de dezenas de pessoas foram encontrados nas ruas de Bucha, quando as tropas locais reconquistaram a cidade três dias após a retirada do exército russo. As imagens dos mortos foram divulgadas pela primeira vez no dia 2 de abril, por agências de notícias, e chocaram o mundo.
As fotos mostram pessoas mortas com as mãos amarradas atrás do corpo, um indício de execução. Outros corpos aparecem parcialmente enterrados, com algumas partes à mostra. Há também muitos corpos em valas comuns. Nenhum dos mortos usava uniforme militar, sugerindo que as vítimas são civis.
“O massacre de Bucha prova que o ódio russo aos ucranianos está além de qualquer coisa que a Europa tenha visto desde a Segunda Guerra Mundial”, disse o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, em sua conta no Twitter.
Moscou, por sua vez, nega as acusações. Através do aplicativo russo de mensagens Telegram, o Ministério da Defesa russo disse que, “durante o tempo em que a cidade esteve sob o controle das forças armadas russas, nenhum morador local sofreu qualquer ação violenta”. O texto classifica as denúncias como “outra farsa, uma produção encenada e provocação do regime de Kiev para a mídia ocidental, como foi o caso em Mariupol com a maternidade“.
Entretanto, imagens de satélite da empresa especializada Maxar Technologies derrubam o argumento da Rússia. O jornal The New York Times realizou uma investigação com base nessas imagens e constatou que objetos de tamanho compatível com um corpo humano aparecem na rua Yablonska entre 9 e 11 de março. Eles estão exatamente nas mesmas posições em que foram descobertos os corpos quando da chegada das tropas ucranianas, conforme vídeo feito por um residente da cidade em 1º de abril.
Mais recentemente, Kiev alegou que apenas em Mariupol, que tem sido o principal alvo das tropas russas, foram encontrados ao menos 20 mil corpos de civis mortos. E acusa os soldados russos de depositarem cerca de nove mil cadáveres em valas comuns em Manhush, uma vila próxima à cidade portuária. Ao levar os corpos para outra localidade, o objetivo das tropas de Moscou seria esconder as evidências de crimes.
Vadym Boychenko, prefeito de Mariupol, comparou a descoberta ao massacre de Babi Yar, um fuzilamento em massa comandado nas proximidades de Kiev pelos nazistas em 1941, durante a Segunda Guerra Mundial. Os corpos de cerca de 33 mil pessoas, essencialmente judeus, foram encontrados em valas comuns na ocasião.
“O maior crime de guerra do século 21 foi cometido em Mariupol. Este é o novo Babi Yar. Então, Hitler matou judeus, ciganos e eslavos. Agora, Putin está destruindo os ucranianos”, disse Boychenko. “Precisamos fazer tudo o que pudermos para impedir o genocídio”.
Os mortos de Putin
Desde que assumiu o poder na Rússia, em 1999, o presidente Vladimir Putin esteve envolvido, direta ou indiretamente, ou é forte suspeito de ter relação com inúmeros eventos, que levaram a dezenas de milhares de mortes. A lista de vítimas do líder russo tem soldados, civis, dissidentes e até crianças. E vai aumentar bastante com a guerra que ele provocou na Ucrânia.
Na conta dos mortos de Putin entram a guerra devastadora na região do Cáucaso, ações fatais de suas forças especiais que resultaram em baixas civis até dentro do território russo, a queda suspeita de um avião comercial e, em 2022, a invasão à Ucrânia que colocou o mundo em alerta.
A Referência organizou alguns dos principais incidentes associados ao líder russo. Relembre os casos.
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