Os países que compõem o G7, bloco com as nações mais industrializadas do mundo, alertaram no sábado (14), durante uma reunião anual em Weissenhaus, na Alemanha, que o conflito na Ucrânia está desencadeando uma crise de alimentos com impacto global, colocando ainda mais os países pobres contra a parede. Além da segurança alimentar, a influência da China foi um dos principais assuntos.
Diante da situação, uma declaração conjunta assinada pelos ministros do agrupamento disse que urge a necessidade de ações para restabelecer as infraestruturas de transporte ucranianas, afetadas pelos ataques russos, incluindo portos. O objetivo é lançar mão de medidas que viabilizem a retomada da exportação de produtos agrícolas locais, especialmente grãos. As informações são da rede NPR.
Uma das preocupações do G7 é a China. Isso porque, no início de fevereiro, antes do início da guerra, Beijing e Moscou anunciaram uma aliança que classificaram como “sem limites“. Por isso, o grupo pediu à nação asiática que não ajude os russos, seja minando sanções internacionais ou justificando as ações de Vladimir Putin aos vizinhos.
“Beijing deve apoiar a soberania e a independência da Ucrânia, e não ajudar a Rússia em sua guerra de agressão”, disseram os ministros.
Após a explosão do conflito, Beijing tenta se posicionar como neutra, já que mantém boas relações tanto com a Rússia quanto com a Ucrânia. Entretanto, as ações práticas do governo chinês têm se mostrado em sintonia com Moscou.
Frente a esse cenário, o G7 aconselhou a China de “desistir de se envolver em manipulação de informações, desinformação e outros meios para legitimar a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia”.
Fome para 50 milhões
Segundo a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, que tomou a iniciativa de reunir os principais diplomatas do G7 em Hamburgo, os ataques no Leste Europeu ganharam contornos de “crise global”.
Ela prevê uma situação particularmente preocupante na África e Oriente Médio, onde uma população de 50 milhões de pessoas deverá sentir os efeitos da fome nos meses a seguir caso não ocorra um desbloqueio dos grãos ucranianos. Quase 25 milhões de toneladas estão presos em portos do país, que produz uma oferta significativa da demanda mundial.
“Estamos determinados a acelerar uma resposta multilateral coordenada para preservar a segurança alimentar global e apoiar nossos parceiros mais vulneráveis a esse respeito”, disse Annalena.
A nota oficial do G7 observa que, à medida que os mercados globais vêm sendo impactados pela guerra, os preços dos alimentos e commodities têm aumentado, afetando a vida de pessoas ao redor de todo o planeta e exacerbando as necessidades humanitárias e de proteção existentes.
“Estamos determinados a contribuir com recursos adicionais e apoiar todos os esforços relevantes que visam garantir disponibilidade e acessibilidade de alimentos, energia e recursos financeiros, bem como produtos básicos para todos”, diz o comunicado.
A ministra das Relações Exteriores do Canadá, Melanie Joly, disse que Ottawa está pronta para enviar navios aos portos europeus, assegurando a logística dos grãos ucranianos aos necessitados.
“Precisamos garantir que esses cereais sejam enviados ao mundo. Se não, milhões de pessoas enfrentarão fome”, declarou a autoridade canadense em coletiva de imprensa.
Rússia rejeita responsabilidade
O Kremlin rechaça a acusação de que tenha responsabilidade pela piora da fome global e pelo aumento dos preços dos alimentos e responde apontando o dedo de volta para o Ocidente, particularmente a um antigo rival.
“Os preços estão subindo por causa das sanções impostas pelo Ocidente sob pressão dos EUA“, disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova. “A falha em entender isso é um sinal de estupidez ou engano intencional”.
Enquanto o governo russo segue impondo sua narrativa, ministra das Relações Exteriores britânica, Liz Truss, aproveitou o encontro para anunciar novas sanções contra a rede financeira e o círculo íntimo de Putin, incluindo sua ex-esposa. Ela ainda solicitou mais remessas de armas para Kiev.
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