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quarta-feira, 18 de maio de 2022

EUA lançam programa federal para coletar e analisar evidências de crimes de guerra na Ucrânia

O governo dos EUA, através do Departamento de Estado, anunciou na terça-feira (17) o lançamento de um programa federal para “coletar, analisar e tornar amplamente disponíveis” evidências de crimes de guerra cometidos por tropas da Rússia no conflito iniciado no dia 24 de fevereiro na Ucrânia.

“O programa abrange a documentação, verificação e disseminação de evidências de código aberto sobre as ações das forças da Rússia durante a brutal guerra de escolha do presidente Putin”, diz comunicado publicado pelo Departamento de Estado, que chama a iniciativa de Observatório de Conflitos.

Entre o material que o Observatório analisará estão “imagens de satélite e informações compartilhadas por meio de mídia social”, que se enquadram na categoria de evidências de código aberto. O projeto ainda prevê que o conteúdo seja compartilhado na internet, de forma a combater a campanha de desinformação russa que visa a desmentir os abusos de seus soldados.

Cenas de destruição no vilarejo de Pevtsi, na Ucrânia (Foto: Ashley Gilbertson/Unicef)

O investimento inicial de Washington é de US$ 6 milhões, sendo que no futuro o financiamento caberá à Iniciativa de Resiliência Democrática Europeia (EDRI, na sigla em inglês), um programa lançado no dia 24 de março pelo presidente Joe Biden.

O EDRI, cuja função é “reforçar a resiliência democrática, avançar nos esforços anticorrupção e defender os direitos humanos na Ucrânia e seus vizinhos”, conta com ao menos US$ 320 milhões em fundos e é parte dos esforços dos EUA para apoiar a Ucrânia e combater a Rússia.

Primeiro julgamento

Na última sexta-feira (13), em Kiev, a Justiça ucraniana deu início ao primeiro julgamento de um soldado russo acusado de crime de guerra. O acusado, Vadim Shishimarin, de 21 anos, está sob custódia ucraniana e responde pela morte de um civil desarmado no dia 28 de fevereiro.

O militar russo integrava uma unidade de tanques e teria cometido o assassinato no vilarejo de Chupakhivka, na região nordeste do país. Segundo a procuradora-geral da Ucrânia, Iryna Venediktova, a vítima, de 62 anos, empurrava uma bicicleta na beira de uma estrada quando o militar disparou vários tiros de seu fuzil Kalashnikov.

O soldado é acusado de violar “as leis e costumes da guerra” e de “assassinato premeditado”, podendo pegar até 15 anos de prisão.

O massacre de Bucha

A pressão global por punições à Rússia, às suas tropas e ao presidente Putin aumentou bastante depois que os corpos de dezenas de pessoas foram encontrados nas ruas de Bucha, quando as tropas locais reconquistaram a cidade três dias após a retirada do exército russo. As imagens dos mortos foram divulgadas pela primeira vez no dia 2 de abril, por agências de notícias, e chocaram o mundo.

As fotos mostram pessoas mortas com as mãos amarradas atrás do corpo, um indício de execução. Outros corpos aparecem parcialmente enterrados, com algumas partes à mostra. Há também muitos corpos em valas comuns. Nenhum dos mortos usava uniforme militar, sugerindo que as vítimas são civis.

“O massacre de Bucha prova que o ódio russo aos ucranianos está além de qualquer coisa que a Europa tenha visto desde a Segunda Guerra Mundial”, disse o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, em sua conta no Twitter.

Civis mortos nas ruas de Bucha cidade ucraniana (Foto: reprodução/Twitter)

Moscou, por sua vez, nega as acusações. Através do aplicativo russo de mensagens Telegram, o Ministério da Defesa russo disse que, “durante o tempo em que a cidade esteve sob o controle das forças armadas russas, nenhum morador local sofreu qualquer ação violenta”. O texto classifica as denúncias como “outra farsa, uma produção encenada e provocação do regime de Kiev para a mídia ocidental, como foi o caso em Mariupol com a maternidade“.

Entretanto, imagens de satélite da empresa especializada Maxar Technologies derrubam o argumento da Rússia. O jornal The New York Times realizou uma investigação com base nessas imagens e constatou que objetos de tamanho compatível com um corpo humano aparecem na rua Yablonska entre 9 e 11 de março. Eles estão exatamente nas mesmas posições em que foram descobertos os corpos quando da chegada das tropas ucranianas, conforme vídeo feito por um residente da cidade em 1º de abril.

Mais recentemente, Kiev alegou que apenas em Mariupol, que tem sido o principal alvo das tropas russas, foram encontrados ao menos 20 mil corpos de civis mortos. E acusa os soldados russos de depositarem cerca de nove mil cadáveres em valas comuns em Manhush, uma vila próxima à cidade portuária. Ao levar os corpos para outra localidade, o objetivo das tropas de Moscou seria esconder as evidências de crimes.

Vadym Boychenko, prefeito de Mariupol, comparou a descoberta ao massacre de Babi Yar, um fuzilamento em massa comandado nas proximidades de Kiev pelos nazistas em 1941, durante a Segunda Guerra Mundial. Os corpos de cerca de 33 mil pessoas, essencialmente judeus, foram encontrados em valas comuns na ocasião.

“O maior crime de guerra do século 21 foi cometido em Mariupol. Este é o novo Babi Yar. Então, Hitler matou judeus, ciganos e eslavos. Agora, Putin está destruindo os ucranianos”, disse Boychenko. “Precisamos fazer tudo o que pudermos para impedir o genocídio”.

Os mortos de Putin

Desde que assumiu o poder na Rússia, em 1999, o presidente Vladimir Putin esteve envolvido, direta ou indiretamente, ou é forte suspeito de ter relação com inúmeros eventos, que levaram a dezenas de milhares de mortes. A lista de vítimas do líder russo tem soldados, civis, dissidentes e até crianças. E vai aumentar bastante com a guerra que ele provocou na Ucrânia.

Na conta dos mortos de Putin entram a guerra devastadora na região do Cáucaso, ações fatais de suas forças especiais que resultaram em baixas civis até dentro do território russo, a queda suspeita de um avião comercial e, em 2022, a invasão à Ucrânia que colocou o mundo em alerta.

A Referência organizou alguns dos principais incidentes associados ao líder russo. Relembre os casos.

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