Dois meses depois da explosão do porto de Beirute, o governo do Líbano pediu, na quinta (1), que a Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal) emita mandados de prisão ao capitão e proprietário do navio que deixou o material explosivo no local.
A embarcação Rhosus estavam em nome do capitão Boris Prokoshev e propriedade de Igor Grechushkin, um empresário russo com nacionalidade de Chipre. Os pedidos de mandados de prisão estão em seus nomes, disse uma fonte à Reuters.
As 2.750 toneladas de nitrato de amônio estavam abandonadas há pelo menos seis anos, revelaram investigações. Com a explosão, cerca de 200 pessoas morreram e 300 mil ficaram desabrigadas. Ainda não há uma confirmação definitiva para os motivos para o abandono da carga em Beirute.
Questionado, o escritório nacional da Interpol da Rússia não quis comentar. Em Chipre, o porta-voz do órgão afirmou que a entidade ainda não havia recebido nenhum pedido até quarta (30).
Explosão mal explicada
O dono do navio, Grechushkin, foi interrogado ainda em agosto. Já Prokoshev relata nunca ter sido contatado por investigadores. O capitão afirma que deixou o material no porto após tê-lo carregado na Geórgia. A parada no Líbano, no entanto, não estava programada.
Segundo Prokoshev, foi o dono do navio quem o pediu para deixar a carga em Beirute, e as autoridades libanesas ignoraram o fato de haver sacos de nitrato de amônio empilhados no navio. A substância é usada como fertilizante agrícola ou explosivo nas indústrias de mineração.
Com dívidas acumuladas após um ano parado no porto, o navio foi descarregado em outubro de 2014 e o material ficou no Hangar 12, epicentro da explosão. De acordo com as autoridades libanesas, o navio afundou em fevereiro de 2018. Desde a explosão, cerca de 20 pessoas foram detidas entre funcionários do porto e da alfândega.
A explosão no porto de Beirute acentuou a crise social e econômica já vivida pelo país. De agosto até hoje, dois primeiros-ministros renunciaram ao cargo e ainda não há definição sobre quem comandará a resposta à calamidade pela qual passam os libaneses.
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