Com a pandemia, a China aumentou seus investimentos e esforços em diplomacia. Desta vez o foco é a América Latina e o Caribe.
A região, rica em recursos naturais e terras férteis, também é celeiro de correntes políticas críticas à hegemonia dos EUA – o que a torna ideal para os objetivos de política externa de Beijing.
A leitura é de Parsifal D’Sola Alvarado, diretor do Centro de Pesquisa da China na América Latina da Universidade Andrés Bello, do Chile, ao portal SupChina.
De acordo com uma pesquisa realizada pela universidade, os diplomatas chineses tem procurado estreitar o relacionamento com países da América Latina desde o início da pandemia, já em janeiro.
Naquele momento, pouco se sabia sobre origem da Covid-19 – e uma forte corrente de notícias falsas sugeria a “fabricação do vírus” pelo governo chinês e a disseminação por “ingestão de morcegos” no país.
Assim, a China viu a oportunidade de explorar a sua imagem na porção sul das Américas. Das 29 contas de missões diplomáticas chinesas do Twitter na América Latina, 11 foram criadas em 2020. As missões abrangem embaixadores, cônsules, embaixadas e consulados.
De janeiro – o pico do contágio por Covid-19 na China – ao final de setembro, as atividades nesses perfis aumentaram de forma considerável.
Em dezembro de 2019, por exemplo, as contas possuíam, juntas, cerca de 860 tweets. Em maio, as redes já somavam mais de 5 mil interações. “Está claro como Beijing busca engajar um público latino-americano para contar o seu lado da história”, disse Parsifal.
Um exemplo é o cônsul da China na Bolívia, Wang Jialei. O diplomata ativou sua conta no Twitter em janeiro de 2020 e se mantém ativo desde então.
Diplomacia aperfeiçoada
O que também chama a atenção, segundo o pesquisador, é o que classificou como profissionalização intensiva da diplomacia da China na América Latina.
Muito bem treinados e informados, os anfitriões falam espanhol e português fluentemente e têm conhecimento profundo em estudos latino-americanos.
“Ao contrário da opinião popular, isso não é um fenômeno de Xi Jinping, mas o resultado de uma curva de aprendizado de duas décadas”, disse Parsifal.
Segundo o pesquisador, não é possível saber se o aumento de interações será, por si só, suficiente para fortalecer as relações sino-latino-americanas. “Mas uma coisa parece clara: diplomatas chineses não ficarão de braços cruzados ou deixarão que contem a história da China”.
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