De acordo com o Banco Mundial, alguns dos maiores credores chineses relutam em aderir ao DSSI (Iniciativa de Suspensão da Dívida, em inglês). O programa oferece moratória sobre a dívida de 73 dos países mais pobres do mundo até 2026.
A exemplo da Zâmbia, que já alertou os seus credores que só poderá voltar a pagar os juros de sua dívida externa a partir de 2021, a crise deve revelar o perfil dos empréstimos chineses ao resto do mundo.
O país africano deve US$ 11 bilhões em títulos negociados com o exterior – a maior parte deles, para a China.
De acordo com um documento do FMI (Fundo Monetário Internacional), ao qual o jornal britânico “Financial Times” teve acesso, Beijing é o maior contribuinte individual do DSSI e já suspendeu a cobrança de cerca de US$ 1,9 bilhão em 2020.
Ainda restam, no entanto, US$ 3,4 bilhões em negociação com 44 países devedores – e não está claro qual será o compromisso chinês no projeto.
“É frustrante”, disse o presidente do Banco Mundial, David Malpass, na segunda (26). “Eles estão demorando a aderir ao projeto e muitos dos contratos chineses têm altas taxas de juros e pouca transparência”.
Com tantos empréstimos no exterior, a China esperava receber US$ 13,4 bilhões devidos em 2020. Em segundo e terceiro lugar na lista de credores estão a França e Japão, que estimavam receber US$ 1,1 bilhão cada.
Empréstimos chineses
Em 2019, a China foi credora de 63% de toda a dívida global. Em 2015, era de 45%. Os empréstimos atendem desde os países mais pobres até membros do G-20.
Essa dependência é ainda mais presente na África, de quem Beijing se tornou o principal credor bilateral. O continente soma US$ 143 bilhões em empréstimos chineses.
Angola lidera o ranking: o segundo maior produtor de petróleo da África já recebeu US$ 43 bilhões de Beijing.
A Etiópia vem logo atrás. Entre 2002 e 2018, o país demandou US$ 13,7 bilhões para investimentos diversos, como estradas, fábricas de açúcar e uma linha ferroviária. Beijing já se comprometeu a reestruturar a dívida etíope, o que ocorre em geral por meio da expansão dos prazos de pagamento.
Os representantes do G-20 devem se reunir novamente nos dias 21 e 22 novembro. Se nada mudar até lá, a China tende a ser o foco da pauta da reunião desses credores.
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