As denúncias de abusos contra os uigures, minoria muçulmana chinesa foram definidas como “crime contra a humanidade” pela revista semanal britânica “The Economist”, em um editorial na edição do último sábado (17).
A perseguição é o exemplo mais grave do que o jornal inglês denomina de “ataque mundial aos direitos humanos”.
Ainda que Beijing negue o uso de “campos de detenção” como prisões em Xinjiang, aumentam as evidências de abusos sobre a minoria, de 12 milhões de muçulmanos de língua túrquica, na China.
Investigações recentes identificam estruturas “apagadas” em aplicativos de geolocalização e ao menos 380 novos campos na província de Xinjiang desde 2017.
Vítimas já relataram abusos nesses locais, inclusive medidas de controle de natalidade forçado contra a população uigur. O governo de Xinjiang, controlado pela administração central chinesa, nega a esterilização forçada.
De acordo com testemunhas, os uigures detidos são treinados para, supostamente, “renunciar ao extremismo” – em outras palavras, à religião muçulmana.
“Uma testemunha relatou que os guardas perguntam aos prisioneiros se existe um Deus e batem em quem confirma”, diz o material publicado pela The Economist. “Os campos são apenas parte de um vasto sistema de controle social“.
Uma pequena fração de uigures realizou, em 2014, um ataque terrorista com homem-bomba em um mercado de Xinjiang. À época, 43 pessoas morreram. Em consequência, o governo chinês teria imposto sessões de doutrinação a toda população.
“A perseguição e abusos aos uigures são um crime contra a humanidade”, definiu a revista inglesa. “Implica na transferência forçada de pessoas, detenção de um grupo identificável e desaparecimento de indivíduos”.
No editorial, a “The Economist” pede aos países ocidentais que “tomem medidas” contra as violações.
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