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segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Crise e sanções dificultam compra de armas por Irã mesmo após fim de embargo

O fim do embargo de armas da ONU (Organização das Nações Unidas) ao Irã, após 13 anos, neste domingo (18), não representa acesso imediato ao mercado de novos armamentos. Alvo contínuo das sanções dos EUA, o país vive grave crise desde o início da pandemia.

Em teoria, o Teerã está livre para comprar veículos de combate e artilharia de alto calibre. Aviões de guerra e embarcações também podem integrar o Exército do país sem a aprovação da ONU. Mas faltam recursos para finalizar a compra.

Rússia e China, os mais prováveis fornecedores, relutam em vender equipamentos militares a Teerã.

Ainda que sejam contrários à campanha dos EUA de “pressão máxima” contra o país, Moscou e Beijing levam a capacidade financeira dos demais países do Golfo Pérsico, como Emirados Árabes Unidos, em consideração.

Crise e sanções dificultam compra de armas por Irã mesmo após fim de embargo
O governo do Irã em pronunciamento oficial sobre o fim do embargo de armas da ONU em 18 de outubro de 2020, na capital Teerã (Foto: Presidência do Irã)

De acordo com o governo iraniano, os gastos com defesa em 2019 foram de US$ 18,4 bilhões – cerca de 3,5% do PIB (Produto Interno Bruto). Em comparação, a Arábia Saudita, por exemplo, gastou quase US$ 80 bilhões de um PIB de cerca de US$ 780 bilhões, segundo o britânico “The Guardian“.

O Departamento de Estado norte-americano já advertiu a todos os países e empresas para que não comercializem armas a Teerã. “Estamos preparados para punir qualquer indivíduo ou entidade que contribua para o fornecimento, venda ou transferência de armas ao Irã”, diz a nota.

No Twitter, o ex-vice-presidente iraniano Mohammad Ali Abtahi falou sobre a situação após parabenizar o presidente Hassan Rohani. “Você disse que pode comprar armas, mas por favor, não compre. As pessoas não podem nem pagar o pão de cada dia”.

Outros bloqueios

O embargo de armas da ONU ao Irã expirou mesmo após a tentativa dos EUA em prolongar a sanção. Os aliados de Washington – França, Alemanha e Reino Unido – temiam que o Teerã deixasse o JCPOA (Plano Ação Conjunto e Abrangente, em inglês).

O acordo, assinado em 2015, busca impedir o Irã de criar seu próprio arsenal nuclear militar. Os países contam agora com o embargo da União Europeia, que se estende até 2023. O Reino Unido também mantém um embargo de armas ao governo iraniano.

Outros embargos bloqueiam as vendas do Irã para o Líbano, Iêmen e Síria.

Agora a expectativa é que o Irã compre um pequeno número de armas avançadas para receber transferência de tecnologia. Tanques ou jatos-caça de alto custo ficarão para outro momento, estimam especialistas.

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