Um porta-voz do Exército do Chade anunciou nesta terça (20) que o presidente Idriss Déby, 68, está morto. Conforme o comunicado, o político – no poder há 30 anos – foi ferido enquanto “lutava em um confronto” contra terroristas no norte do país africano, reportou a emissora alemã Deutsche Welle.
Déby declarou sua sexta reeleição, com 79% dos votos, nesta segunda-feira. No mesmo dia, anunciou uma viagem para “combater terroristas” junto às tropas chadianas na fronteira com a Líbia. O Exército diz ter executado 300 rebeldes que avançavam em direção à capital N’Djamena. “Anulamos a ofensiva”, disse o porta-voz.
Conforme um relatório veiculado pelo site de notícias “The Africa Report”, Déby foi morto por militantes da FACT (Frente para Mudança e Concórdia do Chade) – grupo rebelde que declarou o objetivo de matar o presidente na ofensiva. O grupo baseado na Líbia teria atravessando a fronteira em 11 de abril, a data das eleições.
Déby teria deixado de fazer o seu discurso de vitória eleitoral para participar dos trabalhos das tropas na região. Não era incomum que o mandatário fosse ao fronts de batalha e ele era tido pelos países ocidentais como um aliado na luta contra o Boko Haram e outros grupos extremistas ligados à Al-Qaeda e Estado Islâmico no Sahel.
Em agosto de 2020, o Parlamento chadiano nomeou o presidente como o primeiro marechal de campo da história do Chade, pouco depois do político liderar uma ofensiva contra extremistas na região oeste do país.
Em entrevista à RFI, o líder rebelde Mahamat Mahadi Ali afirmou que o político participou da batalha no domingo e na segunda-feira (19) em Nokou. Ferido, o presidente foi transferido de helicóptero para a capital, mas não resistiu.
30 anos no poder
Um dos mandatários mais antigos da África, Déby assumiu a Presidência em 1990 durante uma rebelião armada. Em 2018, aprovou uma Constituição que lhe permitia permanecer no cargo até 2033. O ditador controlava instituições do Estado e afirmou que venceria este último pleito “como fez nos últimos 30 anos”.
Ainda em fevereiro, quando Déby anunciou sua mais recente candidatura, uma onda de protestos violentos se espalhou pelo país do Sahel africano. Em resposta, o presidente proibiu manifestações e anunciou a prisão de qualquer um que saísse às ruas.
Entre denúncias de corrupção, nepotismo e negligência em relação aos altos índices de pobreza dos 13 milhões de chadianos, Déby manteve o regime à base de prisões arbitrárias e restrições às redes sociais. No Índice de Desenvolvimento da ONU, o Chade ocupa a 187ª posição entre 189 nações.
Parlamento dissolvido
A notícia da morte do presidente gerou a dissolução do Parlamento chadiano e a suspensão da Constituição, confirmou a Reuters. Imediatamente, um conselho militar assumiu o governo, liderado agora pelo filho de Déby, o general Mahamat Kaká.
O grupo, chamado de Conselho Nacional de Transição, deverá permanecer no cargo por 18 meses, disse o porta-voz na transmissão à televisão estatal. “O Conselho reafirma ao povo chadiano que tomou todas as medidas para garantir a paz, a segurança e a ordem republicana”, disse o porta-voz.
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