Entidades de vários países do Oriente Médio se organizam para instaurar um boicote aos produtos de origem francesa depois que um professor expôs charges do profeta Maomé em uma aula sobre liberdade de expressão, informou a Reuters no domingo (25).
O professor Samuel Pety foi morto a tiros e depois decapitado após deixar a escola, no dia 16, na comunidade francesa de Conflans Sainte-Honorine. Pety teria citado o caso do jornal francês “Charlie Hebdo” e o massacre contra sua redação, em em janeiro de 2015.
O ataque ocorreu após a publicação de uma charge considerada ofensiva à religião muçulmana. Para os mais religiosos, qualquer representação do Profeta Maomé é uma blasfêmia.
O Kuwait é o primeiro país onde o boicote foi posto em prática, principalmente com organizações não-governamentais. Um exemplo é a União de Cooperativas de Varejo, que abastece mais de 70 estabelecimentos em todo o país.
A instituição emitiu uma diretriz na sexta (23) ordenando que todos os supermercados retirassem qualquer produto francês das prateleiras. Todas as cooperativas visitadas por repórteres da Reuters já não ofereciam produtos fabricados pela França aos consumidores no domingo.
“Os produtos foram removidos em resposta aos insultos repetidos contra o Profeta”, disse o diretor da organização, Fahd Al-Kishti. Só em 2019, as importações do Kuwait da França somaram US$ 818,1 milhões – R$ 4,5 bilhões.
Na Arábia Saudita, ativistas islâmicos pedem pelo boicote à rede de supermercados Carrefour – a segunda mais popular do país.
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, defendeu o boicote depois que o presidente francês, Emmanuel Macron, prometeu defender o laicismo francês do extremismo.
O primeiro-ministro do Paquistão, Imran Khan, também afirmou no domingo (25) que Macron ataca o Islã ao encorajar a exibição de desenhos animados.
No Twitter, Macron afirmou que respeita as diferenças, mas não aceita discurso de ódio. “Não vamos ceder”, disse.
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