Sem representante desde o início de setembro, após a saída do brasileiro Roberto Azevêdo, a OMC (Organização Mundial do Comércio) vê a disputa por sua liderança se transformar em um cabo de guerra entre os Estados Unidos e UE (União Europeia).
Os mais de 160 países que integram a OMC precisam alcançar um consenso sobre o novo diretor da organização até o dia 9 de novembro.
A UE apoia a eleição da economista nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala, bem cotada desde o anúncio da renúncia de Azevêdo, em maio. Nesta quarta (28), no entanto, os EUA reafirmaram que estão ao lado da atual ministra do Comércio da Coreia do Sul, Yoo Myung-hee.
“Uma delegação não pôde apoiar a candidatura de Ngozi”, disse o porta-voz da OMC, Keith Rockwell, após uma reunião a portas fechadas do bloco, registrou a Reuters.
“A decisão em apoiar Okonjo-Iweala sinaliza o reforço da ordem multilateral defendida pela UE”, disse um funcionário da UE ao jornal britânico “Financial Times”. Se eleita, a ex-ministra de Finanças da Nigéria será a primeira liderança da OMC com origem na África.
Nesta terça (27), o presidente sul-coreano Moon Jae-in entrou em contato com o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, para pedir apoio à candidatura de Yoo, registrou a agência Yonhap.
A Coreia do Sul e o Canadá são membros do Grupo de Ottawa. O conjunto, que abrange também a UE, se contrapõe às tentativas dos EUA de desidratar a OMC.
A organização já vinha perdendo a influência que teve nos anos 1990 e 2000, como mediadora de conflitos comerciais entre as nações. Com a entrada de Donald Trump na presidência dos EUA, a queixa norte-americana, de que o país era “injustiçado”, se tornou mais frequente.
O novo diretor do órgão deve ser escolhido em meio a um momento desfavorável. A OMC, que tem como desafio recuperar seu posto de arbitradora das disputas comerciais, terá de fazê-lo em meio ao desgaste das relações entre China e EUA.
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