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quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Com pandemia, perseguição a jornalistas ultrapassa fronteiras nos países árabes

Conhecidos por impôr uma série de restrições à imprensa, os países árabes aumentaram a perseguição a jornalistas desde o início da pandemia. Um exemplo é a prisão, no final de agosto, do jornalista jordaniano Emad Hajjaj.

Hajjad foi preso logo após publicar uma charge no jornal londrino “New Arab”. O desenho sugeria um pomba lançando armas sobre o que parecia ser o príncipe herdeiro de Abu Dhabi, Mohammed bin Zayed.

Aliado da Jordânia, os Emirados Árabes Unidos tiveram o aval para prender o jornalista – ainda que Hajjad afirme que a representação não era de Zayed.

Desde o início da pandemia, as restrições à mídia se acentuaram. De acordo com o último relatório do think tank norte-americano Freedom House, a liberdade de imprensa é quase inexistente em países como Síria, Arábia Saudita, Somália e Líbia.

Em caso emblemático é a morte do jornalista saudita Jamal Khashoggi na embaixada do país em Istambul, em 2018. Oito acusados foram presos. Outros países árabes, como Jordânia, Líbano, Kuwait e Marrocos são classificados como “parcialmente livres”.

Instrumento político

A tentativa dos governos de driblar a opinião pública caminha lado a lado com o controle das informações divulgadas à população, para que não entrem em conflito com os interesses dos líderes locais.

No Oriente Médio, sobretudo, é essa ligação que desencadeia as perseguições a jornalistas, alertou uma análise publicada no jornal “Los Angeles Times”. No Líbano e no Iraque, por exemplo, nenhum meio de comunicação abre sem antes apresentar a sua filiação partidária.

Com pandemia, perseguição a jornalistas ultrapassa fronteiras nos países árabes
Homenagem a Jamal Khashoggi, jornalista saudita morto na Turquia em 2018 (Foto: POMED/April Brady)

Com campanhas de ameaças, perseguição e violência, a liberdade de imprensa, que sempre foi rara, hoje encontra-se em fase avançada de extinção no Oriente Médio.

“Na melhor das hipóteses, jornalistas árabes se acostumaram a segurar a língua ao fazer reportagens sobre o próprio governo”, analisa o Freedom House.

Mas a expansão de prisões arbitrárias e extraterritoriais, como é o caso de Hajjad, aumenta a preocupação sobre o próximo passo às perseguições à mídia árabe e liberdade de expressão regional.

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