A eleição na Tanzânia, país no sudeste da África, terminou com perseguição à mídia, prisões de opositores e acusações de fraude, registrou nesta quarta (28) a agência Reuters.
Tundu Lissu, o principal adversário do atual presidente e candidato à reeleição, John Magufuli, afirmou que o processo eleitoral foi repleto de falhas e é ilegítimo. “Nenhum país deveria reconhecê-lo”, disse.
Segundo ele, a comissão eleitoral recontou cédulas com votos em Magufuli. A contagem deve se estender até a próxima quarta-feira (4). Estima-se que grande parte dos 29 milhões de eleitores do país participaram do pleito.
Outras lideranças da oposição, como o vice-presidente do partido ACT-Wazalendo (Aliança pela Mudança e Transparência, em inglês), Seif Sharif Hamad, foram presos nesta quinta-feira (29), informação divulgada no Twitter da sigla.
Eles alegam que a polícia os impediu de acessar as seções eleitorais. “Isso foi uma zombaria da democracia“, disse Lissu. “Não aceitaremos nada do que foi feito e nenhum resultado”.
O advogado decidiu concorrer à eleição da Tanzânia depois de levar 16 tiros em uma tentativa de assassinato. Ele critica Magufuli por seu governo autoritário.
Tensão na Tanzânia
O clima já estava tenso no país africano, de 56 milhões de habitantes, desde o anúncio da candidatura de Mugufuli ao segundo mandato.
A menos de duas semanas para a votação, o presidente limitou a cobertura da mídia internacional no país e teria incitado a violência policial contra opositores. A organização NetBlocks registrou uma ampla interrupção no Twitter, WhatsApp e Instagram na véspera das eleições.
Há registro de jornalistas agredidos e alvejados ao tentarem registrar conflitos dias antes das eleições, apontou a emissora Voice of America Africa. O governo também teria cassado a licença de canais de rádio e televisão.
Com um Judiciário enfraquecido, ativistas denunciam intimidação, assédio, prisões arbitrárias e processos por acusações forjadas aos líderes de oposição. Partidos também alegam que centenas de candidatos foram desqualificados de forma injusta da eleição.
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