Ainda que as fronteiras entre Argentina e Uruguai estejam fechadas, cerca de 30 mil argentinos entraram no Uruguai desde março e cerca de 20 mil permaneceram no país.
Procurados pela BBC, os embaixadores Carlos Enciso e José Luis Curbelo afirmaram que processam cerca de 100 papéis por semana desde o início de agosto.
Em levantamento dos britânicos “The Guardian” e “The Economist”, a estimativa é que 20 mil argentinos tenham permanecido no outro lado do Rio da Prata. Uma das razões para explicar a migração argentina ao Uruguai é a resposta de Montevidéu à pandemia da Covid-19.
Com os contágios controlados desde o princípio, as restrições não foram tão graves e o Uruguai se transformou em um case de sucesso enquanto a crise econômica batia à porta do país vizinho.
Com 989 mil casos, a Argentina já registrou 26,6 mil mortes em decorrência da doença causada pelo vírus. O Uruguai, por outro lado, com 8% do número de habitantes, possui 51 mortes e pouco mais de 2,5 mil casos confirmados. O balanço foi atualizado pela Universidade Johns Hopkins na segunda (19).
A situação epidemiológica, no entanto, tem pouca relevância par5a os argentinos. A partir de agosto, a maioria migrou por motivos econômicos.
Economia e incentivos fiscais
O rápido controle da Covid-19 permitiu a reabertura de diversos setores da economia uruguaia apenas após algumas semanas de fechamento. Ao contrário, a Argentina permanece, em teoria, em quarentena – ainda que poucos a cumpram.
Buenos Aires só permitiu a reabertura de atividades recreativas em agosto, e bares e restaurantes só puderam receber clientes ao ar livre em outubro.
Voos comerciais tanto para o exterior quanto para dentro do país ainda não retornaram as atividades e o transporte público está reservado aos trabalhadores essenciais.
Por isso, a pandemia pode favorecer o Uruguai. O objetivo do governo é atrair cerca de 100 mil estrangeiros a fim de aumentar a população do país.
Para facilitar a vinda dos argentinos, Montevidéu já flexibilizou as exigências na migração e nos investimentos, com incentivos fiscais, para quem pretende se mudar para o país.
Os valores de propriedades que cada pessoa pode possuir, por exemplo, caíram de US$ 1,7 milhão para US$ 380 mil.
Os investimentos mínimos também saíram de US$ 5 milhões para US$ 1,6 milhão, com garantia de, no mínimo, 15 empregos. Além disso, o período de isenção de impostos sobre a renda obtida no exterior aumentou de cinco para dez anos.
“A inflação, dólar alto, pobreza crescente, insegurança, imprevisibilidade constante, impostos extorsivos”, citou um empresário argentino à BBC que não quis se identificar. “Tudo isso me fez deixar a Argentina. Desde que me lembro, sempre houve crise. Aqui recuperei a minha qualidade de vida”.
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