Práticas agrícolas irresponsáveis, má gestão da água e dependência de pesticidas e fertilizantes estão deixando a produção de café vulnerável às mudanças climáticas. A conclusão é da organização de mídia norte-americana Inkstick, em artigo publicado nesta terça (1).
À medida em que as temperaturas sobem no planeta, aumenta também a probabilidade de seca e de doenças que matam os insetos polinizadores essenciais para o crescimento do café. A falta desses insetos, porém, afeta com mais força os 12,5 milhões de pequenos agricultores espalhados pelo mundo.
Como a maioria vive em países em desenvolvimento e 44% deles estão na ou abaixo da linha da pobreza, não é economicamente viável que comprem lotes de terra em altitudes mais elevadas para compensar o aumento da temperatura.
Na Colômbia, por exemplo, os pequenos agricultores de café representam grande parte da produção cafeeira do país. Cerca de 16% do PIB (Produto Interno Bruto) – ou cerca de US$ 2,64 bilhões ao ano – provêm, majoritariamente, de propriedades familiares. Em todo o mundo, quase 70% da produção cafeeira cabe a pequenos agricultores.
Especialistas apostam em agrossilvicultura
Uma porta de entrada para tentar salvar a oferta global de café é a agrossilvicultura – manejo que integra árvores e arbustos nativos aos sistemas agrícolas. Com o aumento dos nutrientes no solo, a biodiversidade é estimulada a agir como pesticida e herbicida natural.
O formato parece conciliar bem com o café, que prospera em ambientes florestados, úmidos e com sombra. Um estudo da revista “Scientific American”, de 2014, já apontou que cafezais cultivados em sombras densas crescem, produzem e se mantêm ativos por mais tempo.
Além de auxiliar o cultivo, a reintrodução de plantas nativas faz com que espécies de pássaros e insetos retornem ao ambiente e ajudem a eliminar ameaças como pragas e ervas daninhas – antes tratados com produtos químicos.
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