A organização RSF (Repórteres Sem Fronteiras) exortou o fim das confissões forçadas, em especial de jornalistas, pela Rússia e por Belarus nesta quarta (23). A determinação vem na esteira da prisão do jornalista belarusso Roman Protasevich, em 23 de maio.
Retirado de um voo à força, Pratasevich apareceu em público dez dias após sua detenção e se declarou culpado de “perturbar a ordem pública” nos protestos contrários à sexta reeleição de Aleksander Lukashenko em agosto de 2020. Com os pulsos feridos pelo uso de algemas e abatido, o profissional de 26 anos ainda jurou “respeito incondicional” ao presidente belarusso.
“Admito que fui uma das pessoas que publicou apelos para ir às ruas em 9 de agosto. Assim que vi os documentos e a acusação, me declarei imediatamente culpado”, disse ele em entrevista transmitida pela emissora belarussa ONT. Em seguida, citou o artigo do Código Penal que impede a organização de protestos não autorizados .
Dias depois, o ex-editor do canal de notícias Nexta, distribuído no Telegram, rejeitou as acusações de que teria passado por tortura para confessar seus “crimes” em uma entrevista coletiva. Frente a outros jornalistas estavam altos funcionários do ministério da Relações Exteriores da Belarus e um oficial militar da Força Aérea.
Além de Protasevich, outros jornalistas já foram forçados a confessar “crimes” por sua atuação profissional na Europa Oriental – em especial pelas forças da Rússia após a anexação da Crimeia, em 2014.
Prática humilhante
Forças russas detiveram Stanislav Aseyev, jornalista ucraniano a serviço da RFE (Radio Free Europe), logo depois que separatistas apoiados por Moscou tomaram o controle de Donetsk, no leste da Ucrânia. Na prisão, ele “confessou” que realizava “espionagens” para a inteligência de Kiev na emissora estatal russa Rossiya 24.
“A confissão forçada é uma prática humilhante que relembra os momentos mais sombrios da era soviética”, disse a chefe do escritório da RSF para a Europa Oriental, Jeanne Cavelier. Segundo ela, os governos não concedem informações concretas sobre as condições em que os jornalistas estão detidos ou as acusações que os levaram à prisão.
“Os jornalistas parecem incapazes de se expressar livremente e mostram sinais de esgotamento mental e físico”, disse ela. “A confissão encenada sempre ocorre na TV estatal ou com a presença de funcionários. E é parte de uma deterioração preocupante da liberdade de imprensa no país em questão”.
Dos 180 países no Índice Mundial de Liberdade de Imprensa, Belarus ocupa o 158º lugar, e a Rússia, o 150º.
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