O jornal pró-democracia Apple Daily, de Hong Kong, anunciou nesta segunda (21) que decidirá sobre o fim de suas atividades na próxima sexta-feira. A medida ocorre depois do congelamento de ativos da companhia Next Digital, da qual faz parte.
Em comunicado, o jornal afirma que enviou uma carta ao secretário de segurança de Hong Kong, John Lee, em que pede que alguns dos ativos sejam liberados para o pagamento dos funcionários. Caso isso não aconteça, o jornal e site lançarão suas últimas edições no sábado.
As autoridades do território autônomo da China detiveram 18 milhões de dólares – o equivalente a R$ 11,6 milhões – das três empresas da Next Digital na última quinta (17). A companhia pertence ao magnata Jimmy Lai, condenado à prisão por realizar assembleias ilegais, conforme a agência chinesa Xinhua.
O congelamento das contas e bens ocorreu após uma busca de 500 policiais na sede da empresa no distrito honconguês de Tseung Kwan O. Cinco executivos e um editor foram presos por suspeita de conluio com forças estrangeiras – dispositivo previsto na lei de segurança nacional.
À Reuters, o conselheiro Mark Simon, exilado nos EUA desde o ano passado, relata que “ficou impossível” ao jornal conduzir qualquer operação bancária. “Fornecedores tentaram depositar em nossas contas e foram rejeitados”, disse.
Lei de segurança nacional
A lei de segurança nacional de Hong Kong classifica e criminaliza qualquer tentativa de “intervir” nos assuntos locais como “subversão, secessão, terrorismo e conluio”. Infrações graves podem levar à prisão perpétua.
O dispositivo veio na esteira de uma série de protestos contra o aumento do domínio de Beijing sobre Hong Kong. Após a transferência do território dos britânicos para a China, em 1997, a cidade operou sobre um sistema mais autônomo e diferente do restante do país. Beijing acusa Lai de liderar esses movimentos.
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