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sexta-feira, 25 de junho de 2021

Sem contagem de imunizados, Bósnia e Herzegovina enfrenta escassez de vacinas

A Bósnia e Herzegovina enfrenta problema com a vacinação contra Covid-19. Além do reduzido estoque de vacinas, o país dos Bálcãs não possui uma contagem precisa de quantos cidadãos já foram imunizados contra a doença.

Conforme a RFE (Radio Free Europe), as autoridades bósnias reconhecem que “não têm ideia” de quantas pessoas já receberam as doses enviadas em pequenas remessas pela Covax, iniciativa de distribuição global da OMS (Organização Mundial da Saúde).

A estimativa é de que o país já tenha inoculado pouco mais de 530 mil vacinas – o suficiente para imunizar cerca de 265 mil de seus 3,8 milhões de cidadãos com as duas doses. O ministério dos Assuntos Civis, porém, estima que 180 mil pessoas receberam a primeira dose e outras 50 mil foram imunizadas com as duas injeções.

Sem contagem de imunizados, Bósnia e Herzegovina enfrenta escassez de vacinas
Chegada de remessa de vacinas da Covax em Sarajevo, Bósnia e Herzegovina, em março de 2021 (Foto: Unicef/Almir Panjeta)

Agora, muitos bósnios estão viajando para a Sérvia em uma tentativa de se imunizar. “As autoridades não fizeram absolutamente nada para permitir que seus cidadãos fossem vacinados contra o coronavírus”, disse um jovem que recebeu a primeira dose no país vizinho.

A Sérvia é destaque nos Balcãs: o país  já conta com 1,5 milhão de doses da chinesa Sinopharm e 300 mil da russa Sputnik V – aceitas pelo presidente Aleksandar Vucic, na contramão de outros países europeus.

“Fomos para a Sérvia porque vimos que estava indo muito devagar aqui e não tenho certeza de quando seria a nossa vez de receber a vacina”, disse uma moradora da Republika Srpska, a entidade sérvia da Bósnia, já imunizada.

Ainda em março, quando a Sérvia se tornou líder em vacinação per capita, passou a oferecer a imunização a estrangeiros de todo o mundo. Não demorou muito para que cerca de 30 mil bósnios cruzassem a fronteira.

Política enfraquecida

Quem não consegue arcar com cara logística de viajar para outro país fica refém de índices de contágio galopantes. A Bósnia e Herzegovina tem a terceira maior taxa de mortalidade per capita por Covid-19 no mundo: são 2.960 mortes a cada milhão de pessoas. O país só fica atrás do Peru e da Hungria.

O país, dividido histórica e etnicamente na era pós-Iugoslávia, ainda enfrenta obstáculos de governança. Com um governo central frágil, a maioria dos poderes é delegada a duas entidades autônomas: a federação muçulmana e croata e a predominante Republika Srpska.

A saúde fica na intersecção desses dois poderes e é minimizada em meio a solavancos políticos e inúmeras restrições à população bósnia. Essa divisão atrasa o poder legal de negociar diretamente com produtores de vacinas. Em maio, uma iniciativa parlamentar tentou acelerar emendas para a compra pública das doses. O processo está travado.

Sem contagem de imunizados, Bósnia e Herzegovina enfrenta escassez de vacinas
Mulher recebe vacina Sputnik V em Moscou, Rússia, março de 2021 (Foto: FMI/Sergey Ponomarev)

Desconfiança

Enquanto isso, Rússia e Israel tentam driblar a desconfiança do público – por motivos diferentes. Moscou lida com a dificuldade em fazer os cidadãos russos participarem das campanhas de vacinação. Uma reportagem da RFE demonstra que a população questiona a eficácia da Sputnik V, disponível desde dezembro, devido à falta de confiança no governo.

O sentimento já teria impulsionado um novo surto na Rússia. A maioria das estimativas sugere que apenas 12% da população recebeu pelo menos uma dose do imunizante. Enquanto isso, os casos confirmados diariamente mais que dobraram desde o início de junho.

Em Israel, por outro lado, a desconfiança tem relação com o ressurgimento do vírus. Conforme a BBC, Tel Aviv exigiu a recolocação de máscaras em ambientes fechados devido ao aumento de infecções por Covid-19 dias depois de suspender a medida. Mais da metade da população de 9,3 milhões de habitantes está parcial ou totalmente imunizada.

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