Um relatório do secretário-geral da ONU, António Guterres, informa que, em 2020, quase 24 mil violações graves foram cometidas contra 19,3 mil crianças em situações de conflito no mundo. “Esse desrespeito pelos direitos das crianças em tempos de conflito e agitação é chocante e doloroso”, disse o português.
As violações mais prevalentes foram o recrutamento e o uso de crianças por milícias armadas, assassinatos e mutilações e o impedimento de acesso humanitário. Além disso, aumentou, exponencialmente, o número de crianças raptadas e a violência sexual contra meninos e sobretudo meninas.
“Escolas e hospitais foram constantemente atacados, saqueados, destruídos ou usados para fins militares, com instalações educacionais e de saúde para meninas visadas de forma desproporcional”, destacou o secretário-geral.
Neste momento, a ONU tem 17 Planos de Ação sendo implementados, e pelo menos 35 novos compromissos foram assumidos pelas partes em conflito em 2020. Só no ano passado, mais de 12,3 mil crianças foram libertadas, segundo dados da entidade.
Pandemia
A diretora-executiva do Unicef Henrietta Fore destacou o peso da pandemia para a questão. “A Covid-19 foi arrasadora para crianças em todo o mundo, mas especialmente para as que vivem os horrores do conflito”, disse ela, destacando que nem mesmo a crise de saúde levou a uma interrupção nos combates.
Em média, nos últimos cinco anos, a ONU sugere que ao menos 70 crianças por dia sofreram graves violações de direitos. Mas Fore acredita que “os números reais são muito maiores.”
Foe diz que a ONU precisa “urgentemente” do apoio dos Estados-Membros, dos parceiros e do Conselho de segurança em quatro áreas principais. Ela cobra urgência nas decisões e deliberações sobre a questão e destaca medidas práticas para reduzir as violações.
Uma das medidas é evitar o uso de armas explosivas em áreas povoadas. Em 2020, explosivos e objetos remanescentes de guerra causaram quase metade de todas as mortes de crianças. Outra é prevenir a violência de gênero contra mulheres e meninas. O relatório mostra grande um aumento nos casos de estupro, violência sexual e sequestro. As meninas são vítimas em 98% dos casos de estupro e violência sexual.
Material adaptado do conteúdo publicado originalmente pela ONU News.
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