A Polônia anunciou, nesta terça (22), que os serviços secretos da Rússia estão por trás dos recentes ataques cibernéticos que atingiram mais de 4,3 mil contas de e-mail e redes sociais de cidadãos poloneses.
Em coletiva de imprensa, o porta-voz de Varsóvia, Stanislaw Zaryn, afirmou que as invasões foram obra do grupo UNC1151, que promove a campanha chamada Ghostwriter com o objetivo de desestabilizar a política na Europa Central.
“Temos informações que confirmam o vínculo dos agressores aos serviços especiais russos”, disse Zaryn, em registro da Associated Press. Há confirmação de 4.350 contas invadidas, cerca de 100 delas pertencentes a membros e ex-membros do governo e a outros servidores do Estado.
Na semana passada, os criminosos revelaram o e-mail privado e contas nas redes sociais de Michael Dworczyk, chefe de gabinete do primeiro-ministro Mateusz Morawiecki. As redes da esposa de Dworczyk também foram expostas.
Através do aplicativo russo Telegram, os hackers divulgaram documentos relativos à compra de armamentos e ao combate da Covid-19 pela Polônia. Também foram divulgadas cópias das carteiras de identidade e de motorista do chefe de gabinete. Dworczyk disse que suas redes não continham qualquer informação confidencial.
Agora, os serviços de inteligência da Polônia procuram novos indícios sobre a origem dos ataques. Segundo Zaryn, o governo já adotou novas medidas para aumentar a segurança cibernética.
Desdobramentos políticos
A invasão gerou uma crise política na Polônia, país marcado por uma profunda divisão no campo democrático. Enquanto a oposição criticava o partido governista PiS (Lei e Justiça) por usar as caixas de e-mail privadas para trocar correspondências oficiais, ministros se reuniram de portas fechadas para analisar os riscos oferecidos pelas informações vazadas.
Autoridades de segurança polonesas disseram ao site Euronews que as invasões têm como objetivo enfraquecer a posição da Polônia internacionalmente, já que Varsóvia apoiou as sanções da UE (União Europeia) contra Moscou pela anexação da Crimeia, em 2014.
As relações entre Rússia e Polônia decaíram desde a expulsão mútua de diplomatas, em fevereiro. Moscou inaugurou as sanções ao alegar que diplomatas de Varsóvia, Berlim e Estocolmo frequentaram os protestos a favor de Alexei Navalny após a prisão do principal opositor do Kremlin, em janeiro.
No dia 10, a policia polonesa anunciou a prisão de um cidadão acusado de espionagem em favor da Rússia. O homem já teria abordado diversos políticos poloneses e estrangeiros e funcionários do Parlamento Europeu. O Kremlin nega todas as acusações.
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