Crianças-soldado de 12 a 14 anos foram responsáveis pelo maior massacre recente de Burkina Faso, disse o porta-voz do governo Ousseni Tamboura à Reuters, nesta sexta (25).
Os menores invadiram a vila de Solhan, no nordeste do país, incendiaram casas e atiraram em civis na noite do dia 4 de junho. A violência foi a maior já registrada na região, dominada por grupos ligados a Al-Qaeda e Estado Islâmico.
Conforme Tamboura, testemunhas relataram que a maioria dos agressores eram crianças-soldado recrutadas ou capturadas em outras emboscadas ao longo da região.
“Condenamos veementemente o recrutamento de crianças e adolescentes por grupos armados não estatais. Esta é uma grave violação de seus direitos fundamentais”, afirmou a Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).
Geralmente, em áreas extremamente vulneráveis e pobres, quando não são raptados, os menores são atraídos pelos grupos armados pela oferta de segurança, dinheiro e alimentação.
O avanço jihadista no Sahel africano segue inabalável, apesar as intervenções das forças de paz da ONU (Organização das Nações Unidas). Países como Mali e Níger também enfrentam a insurgência.
Os ataques a civis e soldados cresceram desde 2018, quando 167 eventos armados resultaram em 506 mortes. No ano passado, os conflitos armados subiram para 476, e mais de mil civis morreram nas ofensivas. A onda de violência já forçou o deslocamento de 1,2 milhão de civis.
A violência extremista levou ao fechamento de mais de 2,2 mil escolas – uma em cada dez em Burkina Faso. A Unicef estima que mais de 300 mil crianças não têm acesso ao ensino desde 2018.
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