A eleição de Ebrahim Raisi à presidência do Irã, no último final de semana, coloca novamente em xeque a possibilidade de retomada do acordo nuclear entre o país e as potências ocidentais, de acordo com a agência estatal russa Sputnik.
Raisi é um político linha-dura e ferrenho crítico do Ocidente, e nas primeira entrevistas concedidas como presidente eleito declarou que não cederá a pressões. “Não pretendemos negociar um acordo nuclear se este não atender aos interesses do nosso país”, afirmou.
Uma das condições impostas por Raisi é de que todas as sanções impostas pelo governo Trump sejam derrubadas. Washington, porém, deu a entender recentemente que algumas das medidas seriam mantidas mesmo em caso de um novo acordo.
O presidente iraniano ainda impôs mais uma condição para o sucesso das negociações: o programa de mísseis do Irã não entrará em um eventual acordo, como desejam os EUA.
Desde o início do ano, as negociações para retomar o acordo nuclear avançaram, mas por ora cabem ao antecessor de Raisi, o moderado Hassan Rouhani. As tratativas envolvem Reino Unido, China, Alemanha, França, Rússia e Irã.
Com a eleição de Joe Biden, os EUA também retomaram as conversas com o Irã, a fim de estabelecer termos que permitam a retomada do acordo pelos dois países. Raisi disse que não planeja, ao menos por enquanto, um encontro com Biden para tratar do assunto.
Acordo desfeito
A resolução 2231 da ONU rege o acordo nuclear de 2015. O ex-presidente norte-americano Barack Obama foi o responsável por uma cooperação para que os iranianos deixassem de investir em armas nucleares.
O então candidato Donald Trump afirmava em campanha que o acordo era “estúpido”. Eleito, o republicano prometeu e cumpriu retirar seu país da tratativa. Em 2018, os EUA deixaram o JCPOA (Plano de Ação Conjunto e Abrangente) e impuseram novas sanções ao Irã, que assim retomou o investimento em armas nucleares.
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