No Malauí, membros da comunidade LGBTQIA+ realizaram no sábado (26) a primeira marcha de combate à homofobia e à transfobia do país, na capital Lilongwe. A manifestação antecipou atos celebrados em todo mundo nesta segunda-feira (28) pelo Dia do Orgulho Gay, criado para conscientizar sobre a importância do combate ao preconceito.
De acordo com o o portal Voice of America, o ato histórico serviu para pressionar o governo local pela liberdade de orientação sexual, levando às ruas bandeiras que pediam a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo e a igualdade no atendimento de saúde.
Muitos manifestantes optaram por cobrir os rostos. E não era só com máscaras para a proteção contra o coronavírus. Como o país criminaliza a homossexualidade – com a possibilidade inclusive de pena de morte –, o medo é parte do cotidiano da comunidade.
“As pessoas não estão seguras aqui porque são alvo de violência o tempo todo. Há muita formas de violência dirigidas às pessoas LGBTQIA+, por isso não as culpo se elas cobrem seus rostos. É para a própria segurança”, disse Eric Sambisa, diretor da Nyasa Rainbow Alliance, entidade que organizou o desfile.
Desrespeito às minorias
Entre outras reivindicações, os manifestantes querem o cancelamento de uma pesquisa online feita pelo governo com cidadãos, questionando a opinião da população sobre homossexualidade. A enquete foi anunciada em novembro passado durante uma Revisão Periódica Universal (UPR) da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre o histórico de direitos humanos do país.
Um relatório da ONU decorrente da revisão observou que “o Malauí havia se recusado a aceitar as recomendações” relacionadas à comunidade LGBTQIA+ e os “crimes de ódio, violência física e problemas de saúde mental que seus membros enfrentaram”.
Para os manifestantes, a pesquisa teria como intuito atrasar uma resposta do governo em meio à pressão da comunidade internacional pela proteção das minorias sexuais.
Em 2010, o Malauí condenou dois casais gays, que receberam a pena máxima sob acusações de “indecência grosseira e atos não naturais”. Eles acabaram perdoados uma semana depois, após uma condenação internacional das condenações. Ainda assim, o então presidente Bingu wa Mutharika disse que tais atos eram “repugnantes e desconsideravam a cultura do país”.
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