Familiares de desaparecidos iniciaram uma campanha para exigir o retorno seguro de seus parentes na cidade histórica de Peshawar, no noroeste do Paquistão, registrou a RFE (Radio Free Europe).
Em um dos protestos, no início de junho, um grupo levou fotos e cartazes para a frente da Assembleia Estadual e do Tribunal Superior de Peshawar. Segundo os manifestantes, os parentes são vítimas de “desaparecimento forçado” pelas forças de segurança – uma prática recorrente no Paquistão.
Islamabad criou uma comissão para rastrear pessoas desaparecidas e responsabilizar suspeitos na Justiça ainda em 2011. Em fevereiro deste ano, o relatório da Coied (Comissão de Inquéritos sobre Desaparecimentos Forçados) reportou cerca de 7 mil casos e disse ter solucionado pelo menos 5 mil.
Os ativistas, porém, alegam que o número real é maior. Muitos questionam se a comissão de fato resolveu a maioria dos casos. “Se alguém morreu sob custódia, não é resolução”, disse a presidente do grupo, Amina Masood Janjua, à emissora VOA (Voice of America). A líder busca pelo marido desaparecido desde 2005.
A Comissão Internacional de Juristas já concluiu que o Coied “falhou totalmente” em lidar com a impunidade pelos desaparecimentos. Sem qualquer reparação, familiares creditam o descaso ao envolvimento das agências militares e de inteligência do Paquistão.
Só em agosto de 2018, tribunais acusaram 153 militares em processos de desaparecimentos forçados no país. Questionada, as Forças Militares paquistanesas afirmaram que o órgão é o responsável pelas investigações.
Em nota enviada à VOA, o órgão ainda afirmou que “nem todos os desaparecidos” são atribuíveis ao Estado. “Muitos foram mortos pelo TTP [Taleban do Paquistão] ou ingressaram como militantes do grupo”, diz o documento.
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