Estados Unidos e Turquia estão próximos de um acordo sobre o esquema de segurança que será implantado no Aeroporto Internacional Hamid Karzai, em Cabul, após a retirada das tropas estrangeiras do Afeganistão. O local é a principal rota de saída para diplomatas ocidentais e trabalhadores humanitários e porto seguro para as forças do governo em meio ao conflito contra o Taleban.
Os presidentes Recep Tayyip Erdogan e Joe Biden chegaram a um acordo verbal no início deste mês, que colocaria a Turquia à frente da segurança do aeroporto após a retirada da maioria das forças da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e dos EUA.
Erdogan pediu ajuda financeira e logística, assim como assistência dos países parceiros. Para concluir o acordo, resta aparar algumas arestas quanto ao possível papel dos turcos no fornecimento de segurança fora das instalações do aeroporto, segundo informou a agência Middle East Eye.
Pelo menos 6,5 mil soldados da Otan e 2,5 mil soldados dos EUA permanecem no Afeganistão. A Turquia tem por volta de 500 militares no país, mas a missão deles não é combater, e sim treinar, aconselhar e ajudar as forças de segurança afegãs.
Washington já iniciou a retirada de suas tropas, num processo que se encerrará em 11 de setembro de maneira apenas simbólica. A evacuação deve ser concluída de fato bem antes do prazo estabelecido pelo presidente Joe Biden. Possivelmente em julho.
Insatisfação do Taleban
A possibilidade de a Turquia assumir a segurança do aeroporto desagrada o Taleban, que tem conquistado terreno no país em meio ao desmonte do aparato militar. Recentemente, o grupo jihadista se manifestou contrário a essa hipótese e fez um alerta: “A Turquia não deveria cometer um erro tão grande assim”.
Através de seu porta-voz, Muhammad Naeem, o Taleban “deixou muito claro às forças de ocupação que não aceitará a presença de forças estrangeiras em nenhuma parte do Afeganistão”. O comunicado ainda faz referência específica à Turquia: “Não é apropriado que uma nação islâmica crie inimizade com outra nação islâmica”, conforme a agência russa Sputnik noticiou.
O Taleban entende que a segurança local cabe exclusivamente aos afegãos e afirma que “ninguém deve ter esperança de manter presença militar ou de segurança” no país. O movimento fundamentalista reforça que qualquer presença estrangeira será vista como ocupação e promete “tomar uma posição” contra os invasores.
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