A violência não é o único obstáculo enfrentado pelo Afeganistão. Agora, o país marcado por guerras também tenta lidar com um aumento de 2.400% nos casos de Covid-19, em meio à lotação da rede hospitalar e à escassez de vacinas.
O alerta veio da Federação Internacional da Cruz Vermelha, nesta quinta (17). Conforme a organização humanitária, mais de um terço dos testes feitos na última semana deram positivo. “Ponto crítico”, classificou a entidade.
Pelo menos 90% dos leitos hospitalares estão lotados em Cabul e nas principais cidades do país. O Afeganistão também alcançou seu recorde de mortes nas últimas 24 horas: foram 101 óbitos pelo vírus.
Pacientes infectados dividem o já vulnerável sistema de saúde com outros feridos quase que diariamente em confrontos armados entre o Taleban e as forças do governo afegão. A violência se intensificou depois que os EUA anunciaram a expansão do prazo para manter suas tropas no país até 11 de setembro.
Escassez de vacinas
A falta de vacinas também preocupa. Até esta quinta-feira, menos de 0,5% dos afegãos tinham sido vacinados. O ministério da Saúde anunciou que iniciará a imunização para maiores de 55 anos e portadores de doenças crônicas a partir do recebimento de 700 mil doses da chinesa Sinopharm, no dia 10.
Antes, o país só havia recebido 486 mil doses via Covax, da OMS (Organização Mundial da Saúde), e outras 500 mil da farmacêutica AstraZeneca, fabricadas pela Índia, em fevereiro – cota insuficiente para imunizar seus mais de 38 milhões de habitantes.
Na última sexta (11), a Anistia Internacional cobrou melhor preparo do governo afegão para lidar com a crise sanitária. O ministério da Saúde afegão teria apenas 2 mil concentradores de oxigênio e 1.063 leitos hospitalares para atender a infectados pelo vírus. O governo diz ter mais de 1,5 mil.
No mesmo dia, os EUA anunciaram US$ 226 milhões em ajuda adicional ao país, conforme o diário “The New York Times”. O aumento mais expressivo de casos no Afeganistão começou na metade de maio. O país soma mais de 93 mil infectados e cerca de 3,7 mil mortes em decorrência do vírus.
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