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terça-feira, 1 de junho de 2021

Megacorporações condenam golpe em Mianmar e suspendem pagamentos ao governo

Duas megacorporações de energia, a Chevron e a Total, decidiram suspender parte dos repasses financeiros que faziam ao governo de Mianmar. A informação é da ONG internacional Human Rights Watch.

A decisão das duas empresas, que tem efeito desde o início de abril, é uma resposta à violenta repressão política da junta que assumiu o poder em fevereiro. Na ocasião, os militares deram um golpe de Estado e prenderam a conselheira Aung San Suu Kyi, vencedora do Nobel da Paz em 1991, e o presidente Win Myint.

Megacorporações condenam golpe em Mianmar e suspendem pagamentos ao governo
Aung San Suu Kyi foi presa no golpe de Estado de fevereiro em Mianmar (Foto: Wikimedia Commons)

O gás natural é a principal fonte de renda estrangeira da junta, num faturamento que chega a US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,2 bilhões) por ano. Mas a participação das duas empresas no processo é pequena, e o impacto ainda não deve ser seriamente sentido pelos militares. 

“A decisão da Chevron e da Total é um passo na direção correta, mas afeta menos de 5% do faturamento com gás natural que a junte recebe”, afirmou John Sifton, da entidade Human Rights Watch. 

Sócios

Os militares detêm o controle da MOGE (Empresa de Gás e Oléo de Minmar, da sigla em inglês), que é parte da Moattama, uma empresa de transporte de gás natural. Chevron e Total, por sua vez, reúnem a maioria das ações da Moattama, totalizando juntas 59,5 %.

O problema é que o corte no pagamento anunciado pela dupla corresponde a apenas 15% do que a Moattama paga ao governo de Mianmar. Não aparecem na conta, por exemplo, os milhões de dólares que a junta recebe em taxas e impostos. 

“Para causar um impacto real, governos e empresas devem ir mais fundo para impedir que a junta receba dinheiro ou acesse suas contas bancárias”, afirmou Sifton. “Mas a decisão mostra que ao menos duas empresas reconhecem o prejuízo à imagem causado por financiarem o governo de Mianmar”.

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