O tribunal de Perovsky negou o recurso para retirar a pena de Lyubov Sobol, advogada da Fundação Anticorrupção de Alexei Navalny, nesta terça (8). A ex-funcionária é acusada de invasão a propriedade privada, registrou a RFE (Radio Free Europe).
Sobol defende que o processo tem motivação política e rejeita ter cometido qualquer crime. A acusação integra a série de processos lançados pela justiça da Rússia aos dezenas de funcionários e aliados a Navalny. O mais notório opositor a Vladimir Putin está preso desde janeiro, quando retornou da Alemanha após uma tentativa de envenenamento.
Os promotores acusam Sobol de forçar sua entrada no apartamento de um oficial do FSB (Serviço de Segurança Federal da Rússia), Konstantin Kudryavtsev, em dezembro de 2020. A tentativa teria ocorrido horas depois de Navalny publicar um vídeo em que grava sua conversa por telefone com o agente.
No telefonema, disponível no Youtube, Navalny se passa por um oficial do FSB e conduz uma “revisão interna”. O agente, então, descreve os detalhes da operação para envenenar o crítico do Kremlin em agosto.
Sobol rejeita as acusações e afirma que não forçou a entrada no apartamento de Kudryavtsev, apesar de ter ido até o local para encontrar o agente e questioná-lo sobre sua conversa com Navalny. A equipe da advogada descreveu a acusação como uma “vingança” pelo fato de Sobol não “ter medo de questionar um assassino”.
Perseguição a possíveis candidatos
O processo também pode ter relação com o anúncio de Sobol de que concorreria às eleições parlamentares em setembro. Desde que afirmou que pretendia se candidatar à câmara baixa, em março, um tribunal de Moscou impôs um toque de recolher à advogada.
A perseguição a dissidentes do Kremlin já afeta jornalistas e políticos da oposição meses antes do pleito. Na segunda (7), o também opositor a Putin Dmitry Gudkov se exilou na Ucrânia após ser detido por um suposto não pagamento de dívidas de 2015. Ele diz ter recebido ameaças.
Se condenada, Sobol pode ter de pagar um percentual de seu salário ao Tesouro do Estado enquanto estiver empregada. Caso fique sem emprego, ela deverá trabalhar em espaços definidos pelo Serviço Penitenciário Federal ou ser presa.
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