O professor Orhan Inandı, fundador de uma rede de escolas no Quirguistão, está desaparecido desde o dia 31 de maio. A suspeita é de que ele tenha sido detido por autoridades turcas com a intenção de conduzi-lo à Turquia, alerta a organização HRW (Human Rights Watch).
Inandı tem dupla nacionalidade e chegou ao Quirguistção na década de 1990. As instituições de ensino fundadas por ele têm como base o pensamento do teólogo turco Fetullah Gulen, inimigo político do Presidente da Turquia, Recep Erdogan.
No último domingo (6), a mulher do professor, Reyhan Inandı, levantou a suspeita de que o marido tenha sido levado à embaixada da Turquia em Bishkek, capital do Quirguistão. Segundo ela, o objetivo seria torturá-lo para renunciar à dupla cidadania, facilitando assim a transferência para Ancara.
“Orhan Inandı é um cidadão quirguiz”, disse Syinat Sultanalieva, pesquisadora da HRW na Ásia Central. “O governo do Quirguistão tem a responsabilidade de investigar o desaparecimento, descobrir onde ele está sendo detido e garantir que esteja seguro e não seja levado ilegalmente para a Turquia”.
Perseguição política
Nos últimos anos, a Turquia prendeu milhares de pessoas acusadas de ter ligação com Gulen, um teólogo muçulmano que vive nos Estados Unidos e é acusado por Ancara de orquestrar um golpe de Estado contra Erdogan em 2016.
De acordo com a HRW, muitas dessas prisões aconteceram em solo estrangeiro, em circunstâncias semelhantes às do desaparecimento de Inandi. “São acusações forjadas de terrorismo, numa clara violação do direito a um processo legal”, diz a organização.
Aibek Artykbaev, ministro das relações exteriores do Quirguistão, admitiu neste segunda (7) que a Turquia solicitou a extradição de Inandi, pedido que foi recusado pelo governo local por tratar-se de um cidadão quirguiz. Ele ainda mostrou disposição para investigar o desaparecimento, desde que tenha o aval do ministro do interior.
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