Sob um sol escaldante que causa miragens no asfalto, 67 quilômetros após deixar João Pessoa, capital da Paraíba, e seguir pela Rodovia PB-004, uma estrada de terra quase passa despercebida. Estamos na entrada de Mari, um pequeno município com pouco mais de 21 mil habitantes. O destino final é a zona rural, seguindo nessa estradinha por mais 7 quilômetros até chegar ao assentamento Tiradentes, que se formou há mais de 20 anos com uma ocupação de terras pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST). Hoje vivem ali cerca de 200 famílias, que trabalham basicamente com agricultura familiar.
Uma igreja evangélica Assembleia de Deus dá as boas-vindas aos visitantes. De longe se escuta o galope dos cavalos, dá para ver a poeira subindo e os pássaros em revoada saindo das árvores. Nas estreitas estradas que interligam a comunidade é possível ver uma pessoa ou outra caminhando. Todos conhecem o endereço uns dos outros, e cada vizinho sabe o nome da maioria dos moradores.
A distância entre essa cena bucólica e o dia a dia de quem vive nos centros urbanos diminuiu – mas nem tanto. Uma jovem com um smartphone está na frente da porta de madeira de sua casa verde, vestindo uma blusa de manga longa e chapéu que a protege do sol, além de botas para evitar as ervas daninhas do campo. Rosângela Tamires, 27 anos, conta que era frequentadora assídua dos cultos na igreja, onde fazia trabalho voluntário com outros jovens. Hoje, o culto passou a ser transmitido pela internet: “Então acompanho às vezes, quando o sinal permite”.
“Para fazer ligação eu preciso ir para perto do banheiro ou procurar outro local onde pega o sinal do chip.” Com as restrições impostas pela pandemia, a dona de casa tenta utilizar as redes sociais para se comunicar com as pessoas que já não podem visitá-la. “É o único meio que a gente tem agora pra falar com amigos, parentes, colegas. Tudo que eu preciso fazer é pela internet. É um sacrifício, bem ruim de pegar. Mal consigo acessar a internet pelo 3G. Não pega sinal.”
O isolamento de Rosângela é realidade para centenas de pessoas que moram em Tiradentes. Mais de um ano após o início da pandemia de Covid-19, brasileiros e brasileiras que vivem na zona rural ainda estão de fora do “novo normal”. Mas uma desigualdade se escancara durante a pandemia: a diferença entre a infraestrutura dos centros urbanos e a das pequenas comunidades rurais gera um verdadeiro abismo no direito de acesso à internet.
Internet via rádio
Durante a conversa, Rosângela aponta para uma pequena antena no telhado. É por ela que se conecta à internet via rádio, que teve um aumento repentino de usuários na localidade, já que o sinal de telefonia é precário. Em 2020, sua família conseguiu contratar a internet banda larga de um provedor local que atua na comunidade. Em comunidades como Tiradentes, esses pequenos empreendimentos estão permitindo que a conectividade chegue a locais pelos quais as grandes corporações não têm interesse.
Rosângela consegue pagar o serviço graças à ajuda de custo subsidiada pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), onde seu irmão estuda. “Quando não tinha wi-fi, era muito complicado, pois o único meio era através dos dados móveis. Ainda assim, para ver vídeos reduzo a qualidade ao máximo. Mas demora muito para carregar e trava bastante.”
Luzivânia Maria, 19 anos, é estudante e também enfrenta desafios para se conectar pelos dados móveis. A universitária cursa letras (inglês) na UEPB e precisava, até pouco tempo, sair pelo terreno de casa à procura de sinal. “Depois que veio a internet via wi-fi, melhorou bastante, mesmo não sendo tão boa. Nessa pandemia, a gente fica em casa, então é um refúgio para se distrair um pouco e estudar”, relata a estudante, que utiliza a rede também para manter contato com a família, que não reside na região.
A queda frequente do sinal é motivo de reclamação constante; e Luzivânia tem grande dificuldade para acompanhar as aulas on-line todos os dias. “Quando chove, cai bastante. A assistência técnica demora muito, geralmente um dia e meio. Às vezes cai no meio da aula, aí é difícil. Atrapalha bastante, porque eu perco conteúdo, perco a explicação dos professores. É horrível.” Como seu pai é agricultor, ela explica que com a renda familiar seria inviável fazer o curso presencialmente, pois ela teria que se deslocar para a instituição de ensino, que fica no município de Guarabira, distante cerca de 40 quilômetros. A família não possui carro, apenas uma moto.
Com acesso à internet, pelo menos ela consegue estudar. “Com internet em casa já está difícil, e sem ela ficaria ainda pior. E aqui é sítio, é distante, então é muito complicado, além do custo, que é muito caro para sair daqui, para ir à cidade ou outro lugar para acessar”, enfatiza a estudante.
Segundo a última Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação no Brasil (TIC Domicílios), divulgada em 2020, apenas 51% dos domicílios localizados em áreas rurais estão conectados à internet. “Ainda que a taxa de crescimento tenha sido maior entre os domicílios em áreas rurais em comparação a 2018, a disparidade entre o percentual verificado nas áreas urbanas segue marcante: 75% dos domicílios de áreas urbanas tinham internet”, diz Fábio Senne, coordenador do Cetic.br. (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade de Informação).
O acesso à internet está ligado também à renda familiar e à classe social: 47% dos brasileiros com renda familiar de até 1 salário-mínimo têm acesso à internet, enquanto aqueles com renda superior a 3 salários-mínimos ultrapassam o percentual de 89%. Apenas 50% da classe D e E está conectada, enquanto a classe A tem 99%.
“Entre os principais motivos para a falta de conexão nos domicílios em áreas rurais estão o custo e a falta de habilidades com o uso das tecnologias. Além disso, a falta de disponibilidade de internet na região do domicílio foi indicada como principal barreira para 11% dos domicílios sem internet na área rural”, aponta Senne. Para o coordenador do Cetic.br, há inúmeros estudos que associam a exclusão digital à pobreza e outros marcadores da desigualdade.
Senne alerta que a desigualdade entre a zona rural e a urbana pode restringir também o aproveitamento do ensino remoto. “As escolas rurais são tradicionalmente menos providas de internet, o que dificulta o cenário de adoção de estratégias de ensino remoto. A pesquisa TIC Educação apontou que antes da pandemia 40% das escolas rurais contavam com computadores conectados à rede.”
Vinícios Santos, 21 anos, cursa gestão comercial no Instituto Federal da Paraíba (IFPB) e mora no Açude Grande, sítio localizado a cerca de 7 quilômetros de Tiradentes. Ele sempre vai de moto à comunidade para visitar parentes e tem dificuldade de utilizar os dados móveis. “Eu tenho que fazer mil e uma coisas para dar certo, para ver se dá sinal. É de muito baixa qualidade. Infelizmente eu praticamente não consigo.” Por sorte, a chegada da internet via rádio há pouco mais de dez meses possibilitou ao jovem e à sua família se conectar mais facilmente à rede. “Assim consigo acessar o WhatsApp, Facebook e Instagram, além de acompanhar as aulas on-line.”
Provedores locais
Geralmente as grandes empresas de telecomunicação oferecem o serviço de internet banda larga fixa nas capitais e nos grandes centros urbanos, muitas vezes elas não chegam ao interior do país e não se aventuram a entrar nas comunidades rurais porque não vale a pena financeiramente, por causa do alto investimento necessário em infraestrutura, como cabeamento e instalação de antenas. Assim, os pequenos provedores adquirem licença da Anatel para atuar e instalam a rede com recursos próprios. “Eu acho que você não vai fazer um investimento alto se não tiver retorno. Por isso, as grandes empresas não vão gastar milhões num canto para receber menos da metade”, diz Marcone Mendes, representante da Cabo Telecom, provedor que atua no assentamento Tiradentes.
Segundo dados do Panorama Setorial de Telecomunicações da Anatel publicado em dezembro do ano passado, os mais de 11 mil pequenos provedores do Brasil cresceram 38,0% nos últimos 12 meses e alcançaram a marca de 14,1 milhões de acessos, o que corresponde a 38,9% do mercado.
Sem os grandes provedores e empresas de telecomunicações, os empreendedores locais driblam os desafios para conectar os domicílios.
Quando o cliente de uma grande operadora precisa de ajuda, vai precisar enfrentar um atendimento automático e esperar alguns minutos antes de falar com um atendente humano. No caso dos pequenos provedores de Tiradentes, além de se conhecerem pelo nome, os usuários têm o telefone pessoal dos funcionários, conversam e tiram dúvidas pelo WhatsApp ou podem ser atendidos diretamente na sede da empresa ou pelo técnico que reside na localidade, com uma assistência mais humanizada.
É o caso da Cabo Telecom, o terceiro provedor a entrar no assentamento. Mendes, o técnico da empresa, reside no local e conhece de perto a realidade de cada morador. Ele visita corriqueiramente os seus 43 clientes. “Depois que a internet chegou, com certeza facilitou muito aqui o pessoal da zona rural, principalmente agora, com essa pandemia, as aulas, os estudos. Acho que ajudou bastante essa questão”, diz.
Conectar a zona rural à internet não é tarefa fácil. No assentamento, os usuários apontam como causa de transtornos as árvores frondosas, que, apesar da sombra ampla e refrescante em meio ao calor de 35 graus, atrapalham o sinal de internet via rádio. “A gente teve que tirar alguns obstáculos, tirar a quantidade de árvores, porque se fosse a rede elétrica a gente só acompanhava a rede”, explica Luan Carlos Silva, gerente da RRNET – um pequeno provedor de internet que atua em sítios e comunidades rurais da região há sete anos, tem 15 funcionários e foi o primeiro a chegar ao assentamento Tiradentes, há três anos.
“A gente começou com uma antena. Não foi cabo, não foi fibra. Eu, junto com o dono, passei madrugadas fazendo lance de cabo, ativação em cabo, até chegar num ponto da última tecnologia, que é fibra. A gente sempre busca ter a última tecnologia possível para o nosso cliente. Ele [o dono] participa de feiras tecnológicas para ver o que tem de novidade todo ano”, lembra Silva.
A RRNET iniciou há poucos meses a migração do sinal de rádio para fibra óptica para os 80 domicílios conectados no assentamento, a maioria das famílias. Os clientes pagam R$ 60 mensais por 15 MB, o plano mais básico.
Silva conta que as principais barreiras para os pequenos provedores atenderem essas comunidades rurais são as naturais, que se diferenciam das da zona urbana. No período chuvoso, as reclamações são recorrentes, e os usuários enfrentam queda frequente e instabilidade.
“Antes a gente atendia na zona rural 12 megas via rádio. Agora já estamos com 200 megas. É uma revolução muito grande. No sítio Tiradentes, a gente teve que comprar mais de 30 postes para levar a fibra”, enfatiza. Segundo o gerente, há dificuldade financeira, já que o investimento não tem apoio governamental ou de entidades. “É um investimento nosso. A gente tira do que ganha para expandir e mandar uma internet de melhor qualidade. No assentamento Tiradentes foi um investimento muito grande para chegar a essa velocidade.”
Mendes concorda que uma grande dificuldade da banda larga via rádio é atingir grandes velocidades. “É difícil aqui uma internet com boa velocidade. No caso, eu trabalho via rádio em Tiradentes, e a concorrência já trabalha via fibra óptica”, diz. A Cabo Telecom também cobra R$ 60 por cliente. Ele reclama do vandalismo, constante na sua infraestrutura, como ações criminosas de cortes de fios e incêndios propositais para atingir a rede. “Realmente é difícil. Na Cabo Telecom já foram cortados [os cabos] umas duas vezes”, reclama.
“Qualquer pessoa tem acesso aos acontecimentos do mundo”
Um dos mais antigos clientes dos provedores locais na comunidade é o agricultor aposentado Luiz Trindade, 63 anos, que contratou a internet banda larga via rádio desde que Tiradentes passou a ser atendida pelos provedores locais, há três anos.
Ele estudou apenas até a 4ª série do ensino fundamental I e contou com o apoio do filho para entender e aprender a utilizar a nova ferramenta. “Na minha faixa etária, basta alguém ensinar. No começo foi difícil, mas hoje já consigo utilizar várias ferramentas.” Ele usa Facebook para se manter informado e acompanhar notícias de política, economia e saúde e geralmente compartilha essas notícias com os amigos no WhatsApp. Mas sempre se preocupa em verificar as informações e a relevância para as pessoas ao seu redor. “Às vezes, quando a notícia tem fundamento, aí compartilho. Quando vejo que não tem, eu não compartilho. O que eu não gosto é de fake, de manipulação. Existe muita fake para manipular as pessoas”, complementa.
Luiz reflete que, através da internet, as elites perderam o controle dos meios de comunicação. “Qualquer pessoa tem acesso às notícias, aos acontecimentos do mundo. Não há um domínio, o que é bom, porque há uma concorrência na internet, melhora a qualidade. O meio de comunicação deixou de ser monopólio. Antes tinha seu dono, colocavam aquilo que eles queriam, jogavam ao ouvido do povo o que eles queriam, manipulavam o povo; as televisões, da mesma forma. A rede social mostra. Mesmo que alguém esconda, ela vaza”, acrescenta.
Entretanto, nem tudo são flores; problemas com o sinal são parte da rotina do agricultor. “A gente chegava a passar dois ou três dias sem conexão no fim de semana.” Ele mostra que há três torres de sinal via rádio que ajudam a captar a internet e mandar para as casas das pessoas no assentamento, mas diz que essas torres interferem uma com a outra. “Com esse trabalho que estão fazendo agora, essa modificação de fibra óptica, acredito que vai ter uma melhora para todos. Está havendo concorrência entre as empresas, então todas vão ter que melhorar o atendimento aos clientes.”
Assim como Luiz, os demais usuários esperam que a fibra óptica melhore a conexão e permita o uso de novas tecnologias que exigem mais megas em cada dispositivo conectado. “Todos os equipamentos antigamente eram limitados e tinha pouco consumo de internet, porém estão chegando novas tecnologias, como televisão 4K, que tem um consumo maior, uma resolução maior. E para ter essa tecnologia também na zona rural a gente tem que ter mais internet, uma quantidade e qualidade melhores”, explica Silva, da RRNET.
Porém, na opinião do representante da Cabo Telecom, a fibra óptica não é viável para a maioria dos pequenos provedores de distritos rurais devido à distância entre as residências, o que dificulta financeiramente a ampliação da rede. A carga tributária também é motivo de reclamação.
“Acredito que são os pequenos provedores que estão conectando o interior do Brasil. Realmente, a gente sente muita falta de apoio do governo, porque, como os impostos são muito altos, aí os investimentos ficam mais complicados ainda. O material hoje em dia é caro. Seria bom se não tivesse muito os impostos que o Brasil tem”, lembra Mendes.
De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Internet (Abranet), Eduardo Neger, a principal barreira para os pequenos provedores é o alto custo para levar a internet às regiões mais distantes. “A gente tem, especialmente para a área rural e remota, uma baixa densidade de clientes. No caso da fibra óptica, muitas vezes é necessário viabilizar quilômetros e quilômetros para conseguir um único cliente.” Ele explica que, entre as tecnologias, a mais utilizada no Brasil já é a fibra óptica, mas é possível que por rádio ainda seja o meio mais utilizado no meio rural. “Em comunidades rurais, o percentual de fibra óptica deve estar em torno de 10%. Apesar do custo de equipamentos para a conexão via rádio, ela se mostra mais viável, já que através de satélite há um custo bem mais alto e uma limitação de velocidade.”
Wi-fi na lanchonete
Perto da igreja de Tiradentes há um posto de saúde público, uma escola municipal e uma lanchonete. Como não existem espaços públicos com wi-fi liberado, a única lanchonete no local passou a oferecer wi-fi gratuitamente para clientes. Ela chama atenção pela fachada, onde está escrito “Bistrô Rural”.
O estabelecimento remete às antigas construções de madeira do Nordeste, com decoração típica e repleta de adereços que permitem ao visitante uma viagem pela cultura regional. A presidente da Associação dos Pequenos Agricultores do Assentamento Tiradentes, Olga Carvalho, 43 anos, criou, em parceria com várias mulheres, o empreendimento gastronômico que leva o nome do grupo “Sementes da Terra”, e atua com alimentação orgânica. “Oferecer acesso à banda larga é um diferencial para ampliar as vendas. Antes da pandemia, atraía os jovens para lanchar e usar a internet, agora nos ajuda com os pedidos.”
Olga ressalta que ter internet é um benefício importante para conseguir manter a comunidade interagindo apesar das restrições impostas pela Covid-19. “Uma grande dificuldade é que nem todos podem pagar para ter internet em casa, e estar conectado é de grande importância, especialmente para que os filhos de assentados possam estudar e, sempre que precisar, passar informações à comunidade.”
O acesso à internet banda larga fixa é via fibra óptica, do provedor RRNET. Apesar da pandemia, o Bistrô Rural sempre tem clientes que são atraídos pelos sabores e pela conexão gratuita. É comum ver as mesas com familiares comemorando alguma data especial, transmitindo a celebração por videochamada para quem não pode vir. Isso aconteceu com Lucas da Silva, que já trouxe a família para festejar o seu aniversário. “Consegui que meus amigos também participassem de casa, através de chamada de vídeo pelo WhatsApp, sem causar aglomeração. Por ser no sítio, é algo muito bom e inovador.” Também há clientes que vêm de moto ou carro para pegar encomendas feitas por WhatsApp.
Só grandes empresas são beneficiadas
Para a Coalizão Direitos na Rede (CDR), coletivo que reúne mais de 40 organizações acadêmicas e da sociedade civil em defesa dos direitos digitais, é preciso entender que o acesso à internet é um direito, como educação e saúde. A entidade recorda que em 2016 a Organização das Nações Unidas (ONU) considerou o acesso à internet como direito humano, e desde 2014 a União Internacional de Telecomunicações (ITU) vem recomendando a ampliação do acesso nas áreas rurais e desatendidas. O coletivo acredita que o ambiente regulatório de telecomunicações erra ao beneficiar somente grandes operadoras, sendo necessário criar marcos regulatórios, através da Anatel, para que iniciativas de menor porte, comerciais ou sem fins lucrativos, possam ampliar e atender as áreas pelas quais as maiores operadoras não têm interesse.
Thiago Paixão, desenvolvedor de software e pesquisador no Instituto Bem Estar Brasil (IBEBrasil), esclarece que um caminho para a ampliação do acesso nas áreas rurais, remotas e desatendidas é o acesso por redes comunitárias, estruturadas e geridas pela própria comunidade. Nelas, um ponto de internet tem seu sinal distribuído para comunidades inteiras por uma infraestrutura própria, geralmente por meio de rádios e antenas. Na maioria dos casos uma rede comunitária surge da necessidade de acesso devido à escassez de oferta de provedores comerciais e à falta de interesse do poder público em aplicar políticas que garantam a conexão dessas populações. “Em muitos casos, a única alternativa para regiões não urbanas e mais isoladas é o uso de link por satélite, que é caro, possui alta latência e franquia limitada de dados”, diz.
O presidente do IBEBrasil e especialista em regulação de tecnologia, Marcelo Saldanha, explica que na Paraíba ainda não há informações sobre a existência de uma rede comunitária, mas o tema está ganhando visibilidade. “Tivemos contatos de várias comunidades ao longo de 2020 e 2021, e acredito que vão começar a surgir mais provedores ligados à prática de autogestão e sem finalidade lucrativa a partir deste ano, inclusive com possibilidades de fomento tanto com recursos públicos como através de editais de outras organizações que estão adotando esta iniciativa como uma alternativa para o acesso em localidades excluídas.”
source https://apublica.org/2021/06/internet-via-radio-wi-fi-na-lanchonete-como-comunidades-rurais-se-conectam-na-pandemia/
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