As eleições do Quirguistão, agendadas para 10 de janeiro, devem ser o ponto máximo da tensão que se acumula no país, apontou a Radio Free Europe. O pleito ocorre pouco mais de 90 dias depois da renúncia de Sooronbay Jeenbekov.
O político quirguiz ocupava o poder desde 2017 e deixou o cargo após protestos às eleições parlamentares de outubro. Desta vez, porém, a mesma população que pediu pela saída de Jeenbekov vê a ascensão de Sadyr Japarov – também envolvido em escândalos.
O líder foi libertado da prisão um dia após as eleições e ocupou a presidência do país por duas semanas. Japarov que cumpria pena por fazer reféns e tem o apoio do crime organizado do Quirguistão.
Antes, o político tentou mudar a Constituição para possibilitar a sua posse à presidência. Enquanto um golpe se organiza atrás das cortinas do parlamento, denúncias de corrupção do governo alimentam a instabilidade do país.
Um exemplo é a relação de Japarov com o ex-vice-chefe do Serviço de Alfândega do Quirguistão, Raimbek Matraimov, uma das figuras criminosas mais conhecidas na ex-nação soviética de 6,3 milhões de habitantes.
Escândalos recorrentes
As acusações contra Matraimov envolvem contrabando e assassinatos ligados a um grande esquema de lavagem de dinheiro. Ao prometer reprimir o crime organizado, Japarov ordenou a detenção do ex-funcionário.
Poucas horas depois, no entanto, Matraimov foi colocado em prisão domiciliar. O ex-primeiro-ministro afirmou que a prisão do criminoso “não resolve o problema” e ordenou a devolução de US$ 24 milhões aos cofres públicos.
Ainda assim, Japarov está à frente nas pesquisas às eleições do Quirguistão. O pleito reúne 18 candidatos. Se eleito, o político se aproxima da aprovação ao referendo para aumentar seus poderes.
Escândalos de corrupção são comuns no Quirguistão. No dia 23 de junho, um tribunal condenou o ex-presidente Almazbek Atambayev a 11 anos de prisão por desvio e lavagem de dinheiro e desapropriação de propriedade.
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