“Vou conseguir justiça, mãe”, foi a última frase escrita pela jornalista Irina Slavina no Facebook antes de morrer em um protesto contra o governo da Rússia na última sexta (2).
Crítica ao Kremlin, Irina teve a sua casa invadida e revistada na quinta (1), na cidade de Nijni, a 422 quilômetros de Moscou. Em frente do quartel da polícia, a jornalista ateou fogo em si mesma e morreu no local como protesto, registrou o jornal norte-americano “The New York Times”.
Segundo Slavina, os agentes procuravam por relação com o grupo de oposição Open Russia. O Comitê de Investigação do país afirmou que a relação da morte com a busca em seu apartamento era “infundada” e disse que vai investigar o caso.
“Culpe a Federação Russa por minha morte”, disse ela antes de morrer ao portal independente Koza Press, onde era fundadora.
Perseguição a jornalistas
A morte de Slavina é mais um capítulo da conturbada relação entre o Kremlin e os jornalistas do país. As ameaças são constantes e crescentes, disse a ONG Justiça para Jornalistas em um comunicado.
Segundo a organização, há registro de mais de 1,1 mil ataques contra jornalistas na Rússia desde o começo de 2020. De 2017 a 2019, 15 profissionais da imprensa morreram e um desapareceu.
“A Rússia continua sendo um país onde trabalhar como jornalista está associado a maiores riscos para a vida, saúde e liberdade”, apontou o estudo.
A Koza Press se destacou com reportagens investigativas sobre o Serviço de Segurança Federal da Rússia – a agência mais poderosa do país.
Censurada diversas vezes quando trabalhava em veículos tradicionais, Irina revelou em uma entrevista no ano passado que perdeu o emprego três vezes “por meter o nariz longe demais”. Agora o portal pede ajuda financeira dos leitores para o funeral da jornalista.
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