Um tribunal da França julgou cinco ativistas congoleses nesta quarta (30) por tentativa de roubo a peças de arte africana em junho no Museu Quai Branly, de Paris, reportou a Associated Press.
O grupo argumentou que a remoção de um mastro funerário africano do século 19 fazia parte de um protesto transmitido ao vivo no Facebook. “Nunca quisemos roubar a obra, mas chamar a atenção para suas origens”, disse o ativista Emery Mwazulu Diyabanza.
No tribunal, as autoridades francesas alegaram que o incidente ameaça as negociações de restituição legal com os países africanos. A França negocia com diversas nações colonizadas desde 2018.
O grupo deve receber o veredito no dia 14 de outubro. Se condenados, a pena de tentativa de roubo de objeto histórico pode chegar a dez anos de prisão e multa de 150 mil euros (R$ 974 mil). O advogado do Estado francês, no entanto, não exigiu a pena de prisão e reduziu o valor das multas.
Construído às margens do Rio Sena, próximo à Torre Eiffel, o Museu Quai Branly foi idealizado pelo ex-presidente francês Jacques Chirac para expor a arte não-europeia, principalmente de ex-colônias francesas.
Ação política
A ação reacendeu as discussões sobre a posse europeia de peças de arte africanas. A maioria dos artefatos foi retirado de seus países de origem durante o processo de colonização – e nunca mais retornaram.
“Este é um ato político”, disse Diyabanza. “Está na hora dos africanos, latino-americanos e outras comunidades colonizadas retomarem seus tesouros”. Segundo o ativista, museus europeus ganham milhões com peças de arte tiradas de países pobres, como o Congo.
Em 2018, um estudo encomendado pelo presidente francês, Emmanuel Macron, recomendou que os museus devolvam as obras retiradas dos países colonizados sem consentimento se assim for solicitado.
Com a resolução, a França deve devolver 26 obras de arte africana – uma fração ínfima entre as 90 mil peças que figuram em museus franceses. Até agora, Paris devolveu apenas uma espada ao Senegal.
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