O movimento brasileiro Democracia Sem Fronteiras (DSF) realizou na quinta-feira (5) uma manifestação em frente ao prédio da Embaixada da China em Brasília. O motivo do protesto foram as duras medidas do governo chinês de combate à Covid-19, que trancaram milhões de pessoas em casa e supostamente levaram à morte cidadãos impedidos de sair de casa para o tratamento de outras doenças.
Como já se tornou habitual nos protestos do grupo referentes à China, o DSF usou o Ursinho Pooh para ironizar o presidente Xi Jinping, cuja semelhança física com o personagem da Disney virou motivo de piada no país asiático. Desde que a comparação surgiu na China, a imagem do urso tem sido censurada por Beijing.
“Lá (na China), o governo não serve ao povo. Na verdade, o povo serve ao governo”, disse o mascote do movimento durante o ato. “O Democracia Sem Fronteiras não aceita isso. Não é apenas a Covid-19 que mata, mas a repressão também. Não é impondo normas como bem se quer que se combate uma doença, e sim trabalhando em conjunto com o povo. Mas o que se esperar de alguém que é um ditador?”.
Em abril, a ONG Human Rights Watch (HRW) já havia alertado para os danos que o confinamento imposto por Beijing vinha causando a seus cidadãos, particularmente em Xangai. “As autoridades de Xangai impuseram medidas draconianas de bloqueio desde março de 2022, que impediram significativamente o acesso das pessoas a cuidados de saúde, alimentos e outras necessidades vitais”, disse a entidade na ocasião.
No caso específico de Xangai, há relatos de pessoas que morreram porque não foram autorizadas a sair de casa sequer para realizar tratamento médico de doenças crônicas que enfrentavam. E de crianças que foram separadas de seus pais porque um ou mais integrantes da família testaram positivo para Covid-19. Muitos cidadãos teriam ficado sem comida em casa, devido à longa duração do bloqueio, que os pegou desprevenidos.
Segundo a HRW, uma enfermeira “morreu de asma depois de ser afastada do hospital em que trabalhava porque a sala de emergência estava fechada para desinfecção e nenhuma outra instalação havia sido disponibilizada”. Já uma mulher morreu “depois de não poder fazer hemodiálise porque foi impedida de sair de seu complexo residencial”. E um homem de 77 anos “com doença renal morreu depois que “o hospital se recusou a fazer diálise imediatamente devido à sua infecção por Covid”.
“O movimento Democracia Sem Fronteiras, desde 2019, defende o direito à democracia no mundo”, disse o DSF em contato com A Referência. “A principal luta do grupo pró-democracia é trazer à tona os reais problemas causados por violações aos direitos humanos que são cometidas em países autoritários e ditatoriais. É um grupo independente, plural e sem fins lucrativos”.
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