O EI (Estado Islâmico) assumiu a responsabilidade pelo ataque que matou dez trabalhadores da cooperativa Halo Trust, na última terça (8). Homens armados invadiram o complexo na província de Baghlan, ao norte do Afeganistão.
Pelo menos 16 trabalhadores ficaram feridos no ataque, apurou a Al-Jazeera. O grupo descansava após ter finalizado a remoção de minas terrestres em escombros de uma antiga zona de guerra no distrito de Baghlan-e-Markazi.
O presidente da organização, James Cowan, disse à BBC que os agressores tinham como alvo os membros do grupo étnico Hazara. A terceira maior etnia do Afeganistão sofre uma perseguição histórica devido à fé muçulmana xiita e é alvo de sequestros e assassinatos do EI e Taleban – ambos muçulmanos sunitas.
“Eles vieram ao nosso acampamento, procuraram membros Hazara e os assassinaram”, relatou Cowan. “Sabemos da situação de segurança do Afeganistão, mas não esperávamos esse tipo de assassinato a sangue frio”. No momento do crime, havia mais de 100 desmineradores nos alojamentos.
As autoridades afegãs culparam o Taleban, que negou envolvimento. Ao contrário, o grupo fundamentalista islâmico ajudou a espantar os agressores, disse Cowan. “Mantemos relações normais com organizações locais. Nossos mujahideen nunca realizariam ataques tão brutais”, tuitou o porta-voz do grupo Zabihullah Mujahid.
Contexto violento
Baghlan tem sido palco de intensos combates entre o Taleban e as forças de Cabul desde o final do ano passado. Os alvos mais frequentes são organizações não-governamentais e humanitárias. Só em 2020, 180 incidentes resultaram na morte de 14 trabalhadores. Outros 27 ficaram feridos e 42 foram sequestrados.
Não se sabe o que pode ter motivado o ataque, apesar de evidências apontarem uma clara tentativa de incitar a tensão étnica em meio à retirada das tropas estrangeiras do Afeganistão, apontou o editor da BBC em Cabul, Inayatulhaq Yasini. O prazo final é 11 de setembro.
A Halo Trust se dedica a retirar minas terrestres e armamentos não explodidos nas linhas de frente dos campos de batalha há pelo menos 30 anos. Só no Afeganistão são cerca de 3 mil funcionários.
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