Ativa desde 2014, a Beteseb Felega-Ethiopian Adoption Connection (BF-EAC) é responsável por reaproximar mais de 200 famílias. A entidade sem fins lucrativos, criada por um casal do Estado norte-americano do Kansas, tem como único propósito ajudar mães e pais etíopes a rever seus filhos que foram adotados por casais estrangeiros.
Andrea Kelly tem uma filha e um filho adotivos, ambos nascidos na Etiópia. Com o passar dos anos, percebeu que muitas famílias biológicas “estavam à procura de suas crianças, mas não havia como reuni-las”, contou ela ao site Voice Of America.
A partir de então, Kelly partiu em busca dos parentes biológicos de seus filhos e, em 2004, foi bem sucedida no caso da filha. O mesmo, porém, não ocorreu com o filho, cuja mãe biológica “também poderia estar à procura dele. Mas eu jamais saberia disso”, afirmou ela.
Banco de dados
Foi ali que nasceu o projeto, que consiste basicamente em um banco de dados das adoções da Etiópia, nos moldes do que existe nos Estados Unidos. Além das 200 famílias cuja história teve um desfecho positivo, há outros mil casos em andamento no site.
A Beteseb inicia o processo com nomes, fotos, datas de nascimento e outras informações fornecidas pela parte interessada, sejam famílias etíopes, crianças adotadas ou pais adotivos em diversos países do mundo. A partir dali, basta aguardar uma identificação positiva por parte de quem acessa o banco de dados. Então, entrevistas são feitas e dados são cruzados a fim de confirmar o parentesco.
Em alguns casos, é necessário uma investigação presencial mais aprofundada, pela qual a Beteseb cobra o casal adotivo. Jamais, porém, a família etíope tem que pagar. Nos casos de resultado positivo, a instituição é responsável por intermediar a comunicação entre filhos e seus familiares biológicos, através de cartas e chamadas de vídeo. “Em muitos casos, as famílias que buscam seus filhos são as mais pobres”, diz uma assistente social que prefere não se identificar
Adoções proibidas
Em 2018, a Etiópia proibiu a adoção de crianças por famílias estrangeiras, como forma de proteção contra maus-tratos. “As questões referentes a crianças etíopes foram deixadas de lado desde então”, diz um assistente social que também prefere manter o anonimato. “Ninguém mais se preocupa em manter o contato dos adotados com suas famílias biológicas”.
Um dos maiores obstáculos, segundo a fundadora da instituição, está nas próprias famílias adotivas ou nas agências de adoção. “Muitas vezes, elas não aceitam o fato de que a criança quer conhecer sua história, ou o direito de a família biológica saber que a criança está viva”.
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